( Resenha ) Belas Adormecidas de Stephen King e Owen King @Suma_BR - Clã dos Livros

( Resenha ) Belas Adormecidas de Stephen King e Owen King @Suma_BR

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Editora Suma

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Resenha

Conseguem imaginar um mundo sem mulheres? 

Na ficção de Stephen King em parceria com seu filho, Owen King, mulheres do mundo todo estão sendo acometidas por um mal, denominado de Aurora (em alusão à princesa Aurora, do conto de fadas Bela Adormecida).

Ao dormirem, as mulheres não acordavam mais. Elas não morrem, respiram normalmente. Porém, suas faces são encobertas por uma espécie de casulo, como o de mariposas.


Nenhum lugar estava imune. Nem mesmo a pequena cidade de Dooling. 

Ali o poder feminino era nítido. A principal autoridade local era uma mulher, a xerife Lila. Dooling mantinha um presídio feminino, composto por detentas de vários graus de periculosidade.

"Dentre as detentas do Instituto Penal de Dooling havia, para dizer com delicadeza, poucas histórias de vencedoras de prêmios, mas muitas histórias com homens maus."
E o que deixava tudo ainda mais perturbador, era o fato de, caso o casulo fosse arrancado; ao despertar, a mulher era invadida por uma fúria inexplicável. Completamente violenta, matava seu agressor com as próprias mãos. As mulheres despertas tinham uma força física indecifrável.

"Homens mortos não aceitam pedidos de desculpas. Não aconteceu nenhuma vez na história do mundo."
Nenhuma estava imune. Crianças, bebês, adolescentes, idosas... A doença Aurora era imune apenas aos homens.

"Para dormir e sonhar com mundos diferentes. As filhas meninas se juntaram a elas nesses sonhos. Os filhos meninos, não. O sonho não era para eles."
Claro que logo os hospitais da cidade ficaram super lotados. Homens desesperados, com suas filhas e esposas adormecidas, procuravam desesperadamente a ajuda da medicina. Mas, ninguém do mundo todo conseguia explicar o fenômeno.

"Acho que a maioria das mulheres, se você perguntasse e se elas fossem verdadeiramente sinceras, o que elas diriam é que querem dormir. E possivelmente brincos que combinem com tudo, o que impossível, claro."
As mulheres passaram a tentar ficar despertas. E assim, uma preocupação infindável tomou conta das autoridades: o que aconteceria quando Lila dormisse? 

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Uma personagem surge para instigar ainda mais nosso enredo, Evie Black. Ao ser a principal suspeita de um crime, Evie foi presa no presídio de Dooling. A mulher parecia portar poderes sobrenaturais.

Delírio ou coincidência, o fato era que Evie e sua personalidade deixavam até mesmo Clint, o médico psiquiatra da prisão, confuso.

E mais um detalhe passou a instigar a todos: Evie era a única mulher que podia dormir e acordar sem a formação de um casulo ao seu redor. Ela estava imune à Aurora.

Fantástico! Que livro! 

O enredo é fascinante desde as primeiras linhas. Minha primeira impressão da parceria Stephen / Owen foi uma maior objetividade nos fatos. Amo Stephen King, mas a maioria dos seus livros é carregada de descrições minimalistas, ora que fazem total sentido na junção dos fatos, ora que não tem motivo algum para existir. Neste caso, todos os detalhes são completamente valiosos e instigantes.

Temos um círculo consideravelmente grande de personagens, mas isso não confunde. Muito pelo contrário. Elaborados incrivelmente, são personagens com características realistas, que não nos passam despercebidos à memória.

A narrativa como um todo é realista, por isso não me espantei quando, ao chegar nas notas finais, me deparei com o relato de que os autores visitaram um presídio feminino para dar mais veracidade ao enredo.

Evie é minha personagem favorita da atualidade. Percebemos uma mudança de atmosfera desde sua primeira aparição. Ela é peculiar, sabemos que existe algo fantástico sobre sua essência  e desde sua primeira aparição conseguimos entender que a Aurora tem alguma relação com sua pessoa. Concluí a leitura querendo mais de Evie.

O livro tem uma fantasia incrível, muito bem elaborada. E claro que o horror está presente, com detalhes minimalistas de mortes. Não sei dizer se isso incomodaria os não adeptos ao gênero, porque o livro por si só é mais fantástico que horrendo.

Outro ponto muito interessante é a abordagem de lendas e presságios. Como por exemplo, as superstições sobre mariposas.

"De acordo com os índios Blackfeet, as mariposas marrons trazem sono e sonhos."

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Apesar de ser uma ficção, enxerguei uma mensagem secundária no enredo. Ali, encrustado ao horror e à fantasia, uma questão borbulha na mente do leitor: o que a mulher representa para a sociedade?

"Tem feministas que gostam de acreditar que todos os problemas do mundo residem nos homens. Na agressividade natural dos homens. Elas tem razão, uma mulher nunca iniciou uma guerra... se bem que, pode acreditar, algumas foram por causa de uma. Mas tem umas garotas muito, muito ruins por aí. Eu não posso negar."
E traz ainda uma outra questão mais profunda sobre o quanto um homem pode mudar a vida de uma mulher.

Vi muitos elementos realistas, com uma temática muito atual. Gostei de ver o machismo e o feminismo em meio a uma ficção. Também vi muitas alusões à conto de fadas, como Bela Adormecida e Alice no País das maravilhas.

"Era tão errado se aproveitar um pouco de vez em quando? Pelo amor de Deus, antigamente, se você não metesse a mão na bunda de uma garçonete, ela ficava decepcionada. Se você não assobiasse para uma mulher na rua, ela ficava se questionando para que tinha se dado ao trabalho de se arrumar. Elas se arrumavam para mexerem com elas, isso era fato. Quando foi que a espécie feminina mudou tanto? Não se podia mais nem elogiar uma mulher. E era isso que um tapinha na bunda e um aperto nos peitos era, não era? Uma espécie de elogio."
É um livro incrível, com 722 páginas que encantam, prendem e fascinam. O leitor será tomado por várias sensações, desde o riso à emoção.

"Eu conheço um monte de garotos que não pedem por favor. Não tenho espaço neste papel para escrever o nome de todos os garotos que conheço que não pedem por favor."
A parceria Stephen e Owen foi um sucesso, Belas Adormecidas ganhou minha admiração e favoritismo. Quero mais para essa obra (uma adaptação cinematográfica seria perfeito)!

"Não seria horrível morrer depois de um livro ruim?"
A obra foi premiada como o melhor horror de 2017 pelo Goodreads Choice Awards.

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2 comentários:

  1. Parabéns Bianca, excelente resenha. Nela, você mostra impecável competência linguística e consequentemente seu amadurecimento intelectual. Descreveu a obra com bastante propriedade e coerência, juntamente com uma descrição minuciosa e apreciação impecável. Tudo isso, incentiva o leitor a ler a obra citada.

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  2. Obrigada Agnaldo! Seu feedback é como um presente, mostrou que estou no caminho certo e posso continuar. Vale ressaltar que toda essa competência linguística aprendi com um dos melhores professores: você! Levo para a vida viu? Abração!!

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