( Resenha ) O Que Te Faz Mais Forte de Jeff Bauman @editoravestigio - Clã dos Livros

( Resenha ) O Que Te Faz Mais Forte de Jeff Bauman @editoravestigio

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Editora Vestígio

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Confira a sinopse do livro AQUI.


Resenha



"Eu sei exatamente quando minha vida mudou: foi quando olhei para o rosto de Tamerlan Tsarnaev. Eram 14h48, 15 de abril de 2013 - um minuto antes do maior atentado terrorista dentro dos Estados Unidos desde o 11 de setembro -, e ele estava parado bem ao meu lado. [...] Eu não sei como ele foi parar do meu lado. Só me lembro de olhar por cima do meu ombro direito e vê-lo. Estava perto de mim, talvez a uns trinta centímetros, e havia algo de estranho nele. Tsarnaev usava óculos de sol e um boné de beisebol branco com a aba cobrindo seu rosto, e vestia um casaco com capuz que parecia pesado demais, mesmo para um dia frio. O que mais me chamou atenção, contudo, foi o comportamento dele. Todo mundo comemorava e assistia à corrida. Todo mundo estava se divertindo, menos esse cara. Ele estava sozinho, e não se divertia.Ele tinha um objetivo.Então ele se virou para mim. Não pude ver seus olhos, por causa dos óculos escuros, mas soube que ele me encarava. Eu sei, agora, que ele planejava me matar - Tsarnaev pensou que eu estaria morto em menos de um minuto -, mas seu rosto não revelava nenhuma emoção. Nenhuma dúvida. Nenhum remorso. O cara era uma rocha."
Jeff e amigas de Erin com o cartaz de incentivo
O livro, O que te faz mais forte, foi uma maneira que Jeff Bauman encontrou de compartilhar e guardar as memórias desse momento tão surpreendente de sua vida. Como uma forma de terapia para que pudesse colocar para fora todo o percurso de sua recuperação após o atentado que modificou a vida dele e de Boston para sempre.

Em abril de 2013, o rapaz foi para avenida incentivar a namorada que estava correndo na tradicional Maratona Internacional de Boston. Várias pessoas vão para apoiar e se divertir nesse momento que faz tão bem para a saúde física quanto mental.

Porém esse dia foi marcado pela explosão de uma bomba em um atentado terrorista que matou 3 e feriu 264 pessoas das quais 17 foram amputadas.


"Então escutei. A explosão. Não foi como as bombas dos filmes, nada daquele estrondo imenso, mas três estalos, um após o outro.Não ficou tudo nebuloso depois disso. Ficou muito claro. O psiquiatra do hospital depois me disse que meu cérebro se tornou hiperalerta, de modo que embora minhas lembranças estejam fragmentadas em centenas de partes, elas são todas claras."
Apesar de ter ficado inconsciente bastante tempo após a cirurgia, quando acordou Jeff se lembrava do atentado e mais ele lembrava do rapaz que deixou a bomba que estava próxima a suas pernas, contrariando o que era esperado dos médicos. Geralmente com o trauma tão grande e o tempo inconsciente as pessoas quando acordam precisam ser lembradas do que aconteceu e principalmente com cuidado dizer qual membro foi amputado.

Mas Jeff é uma pessoa diferenciada. Bem humorado, conseguiu tirar sorriso de quem estava no quarto, logo que acordou, mesmo com dificuldades para falar. Além disso já informou que precisava falar com a Polícia, pois queria informar o que viu no dia do atentado.



"Todo mundo, naquele dia, cuidou de mim. Eles salvaram a minha vida. São heróis, porque me deram esta oportunidade. Eles me deram a chance de provar que eu... nós... somos melhores do que covardes com bombas. Que não nos abatemos. E não temos medo. Nós somos mais fortes."




No hospital Jeff recebeu várias visitas ilustres, artistas, jogadores, políticos. Assim como parentes, amigos, colegas de trabalho. Um desses colegas, Kevin, era o chefe do seu chefe imediato e se tornou grande amigo de Jeff. Ajudou com hospedagem das pessoas que visitavam, com questões relacionadas ao afastamento dele da empresa em que trabalhava e também com companhia.

Carlos, foi a pessoa que encontrou Jeff e fez o primeiro apoio. Com seu chapéu de caubói ele foi super prestativo e teve papel importante no dia do atentado. Com ele o socorro foi bem mais rápido e a perda de sangue de Jeff foi menor do que se tivesse que esperar por mais tempo. Claro que Jeff fez questão de conhecer as pessoas que ajudaram nesse primeiro momento também.

"As pessoas sempre perguntam como me senti naqueles primeiros dias. Culpado, por não ter feito nada para impedir o atentado? Eu sentia raiva? Sentia medo? Eu tinha a força de Boston? Não, eu me sentia feliz por estar vivo."

Além disso, Jeff também compartilha a sua rotina de recuperação e exercícios para fortalecimento do corpo. Quando perdemos um membro precisamos trabalhar toda a questão de equilíbrio do corpo porque qualquer modificação faz muita diferença. Ainda mais questões relacionadas ao emprego de força que passa ser requisitada de lugares que nem imaginávamos. Coisas que antes eram simples e que nesse momento precisam ser treinada para uma nova maneira de serem executadas.



Também compartilha como foi o relacionamento com outras pessoas que também estavam fazendo essa recuperação. No livro ele traz diversas histórias de superação de pessoas que sofreram outros acidentes e que lutam para voltar a normalidade. Isso é várias vezes citado no livro, tudo o que Jeff mais busca na vida é a normalidade.


"Eu me sentia melhor com Erin. Com ela, não havia pressão. Podíamos ficar juntos no quarto, falando quase nada, e ainda assim nos sentirmos felizes.""Quando eu sentia dor, o que me fazia sentir melhor? Com quem eu posso ser honesto, sem temer sua reação? A resposta era sempre Erin."


No livro a história dele é compartilhada quase que na íntegra. Fala sobre momentos de frustração, tristeza, dor, raiva, medo. Por isso foi uma leitura tão boa de ser feita. Era a realidade de uma pessoa que sofreu um trauma gigante. Uma história de superação sim, mas com todas as emoções que um ser humano vai sentir nessa situação. Sem maquiagens para ser uma história que venda.

Assim também sabemos sobre o relacionamento dele com Erin. A namorada que estava correndo na maratona e que teve que lidar com amigos feridos e o seu namorado em grave estado. É muito bonito de ver todo o apoio que ela deu e também dos desentendimentos que surgem nos momentos de stress. Como disse anteriormente, muito real e assim a gente se conecta com a história.






"Na camisa que vestimos hoje não está escrito Red Sox. Está escrito Boston. Nós queremos agradecer ao prefeito Thomas Menino, ao governador Deval Patrick, a todo Departamento de Polícia, pelo ótimo trabalho que fizeram na semana passada. Esta é a nossa cidade, porra! E ninguém vai mexer com a nossa liberdade. Continuem fortes."





Jeff também foi convidado para diversos eventos onde a cidade queria demonstrar a sua força contra os terroristas. Momentos para inspirar e acalmar a população que também sofre quando algo dessa gravidade acontece.

Carlos a maioria das vezes estava presente e a amizade dos dois é outro ponto muito bonito. No livro sabemos mais da história desse homem que também passou por momentos complicados e mesmo assim faz trabalhos maravilhosos de apoio aos soldados.




"Penso na bomba o tempo todo. Em como ela explodiu para trás, para longe da corrida. E como a mochila estava no chão, os estilhaços voaram baixo. Minhas pernas foram atingidas diretamente; estavam tão perto da bomba que absorveram uma enorme quantidade de estilhaços. Isso as destruiu no mesmo instante - literalmente moendo meus músculos e ossos -, mas também protegeu as pessoas atrás de mim. Se minhas pernas não estivessem na frente, mais pessoas poderiam ter morrido."
No livro ele conta da dificuldade de aparecer em público, mas também de como era gratificante receber toda a energia das pessoas. Lógico que ele ouvia coisas que não gostaria de conversar em um  momento tão recente ou mesmo que nunca pensou em conversar com alguém sobre na vida.

Os repórteres também estiveram presentes e ele conta como foi ter que lidar com a mídia para que não atrapalhasse a sua rotina bem como a dos seus amigos e familiares. Assim como também fala como ele reagiu a respeito da prisão dos terroristas e algumas de suas opiniões sobre o assunto.


"Esta é uma das razões pelas quais sou tão grato a todos que fizeram doações para mim. Tento não pensar no futuro, mas mamãe pensa o tempo todo. Vocês pouparam a ela uma vida de preocupações."


"Mas eu pensava em todas as pessoas que torciam por mim. Pensava nas crianças, ajoelhadas ao lado da cama, rezando pela minha recuperação. No dia seguinte eu voltava para a minha bicicleta de braços, pedalava mais rápido, ou me forçava a fazer dez levantamentos de perna, depois onze, então doze.Você consegue, Jeff. Não se trata apenas de você. Isto não é só por você.Você tem a força de Boston."

A diagramação do livro está perfeita e não deixa a leitura cansativa. No final tem várias fotos dos arquivos de Jeff ou de familiares.

O que você pode esperar dessa leitura é muita inspiração para viver a vida intensamente. Vejo esse livro como uma forma de Jeff desabafar tudo o que ele passou nesse momento tão complicado de sua vida, onde uma mudança radical aconteceu. Mas também é um agradecimento a todos aqueles que ajudaram não somente financeiramente, mas também rezando e enviando energias positivas para sua recuperação.

"Estou saindo dessa experiência com uma cicatriz na alma. Acho que dá para chamar de desconfiança. Eu sei quanto os seres humanos podem ser perversos, e agora estou alerta, porque sei que os caras maus estão por aí.Mas também aprendi uma coisa: pessoas más são raras. As boas estão por toda parte."

Livro + Ingresso para o filme



O livro foi adaptado para o cinema. Confira o trailer. 


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