( Resenha ) A Cor da Coragem de Julian Kulski @edvalentina - Clã dos Livros

( Resenha ) A Cor da Coragem de Julian Kulski @edvalentina

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Editora Valentina

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Resenha



A Cor da Coragem é o diário relato do polonês Julian Kulski que durante a juventude viveu todas as desventuras da Segunda Guerra Mundial.

A invasão das forças soviéticas e das forças alemães comandadas por Hitler que tinha a pretensão de dominar a Polônia e de extinguir todos os judeus poloneses é acompanhada bem de perto pelo pequeno Julian, na época um menino de dez anos. A inocência da infância é perdida com a chegada dos tanques de guerra.

DOMINGO, 10 DE SETEMBRO
Hoje, os alemães bombardearam a cidade. Fiquei com medo e perguntei à mamãe se isso estava acontecendo em toda a Polônia, ou se era apenas em Kazimierz. Ela disse que não tinha como saber, e eu queria que papai estivesse aqui, para perguntar a ele. Ele saberia a resposta. Muita gente foi para o desfiladeiro, levando comida e roupa de cama e passando várias horas lá. A sinagoga pegou fogo.
Julian vivia em um bairro confortável de Kazimierz. Seu pai, o vice-prefeito, e sua mãe uma mulher dedicada à família, sempre estiveram presentes em sua vida, repassando valores de integridade e de respeito. Com certeza foram esses os princípios que nortearam a sua decisão de lutar pela Polônia.
QUINTA-FEIRA, 4 DE JANEIRO
Os efeitos do bombardeio durante a invasão no outono passado são sentido até agora. Hoje mesmo acharam mais restos de corpos debaixo dos escombros e as pessoas ainda estão tentando conseguir vidros para consertar suas janelas. Esta tarde, os alemães interpelaram alguns judeus a rua e os detiveram por não estarem usando as braçadeiras com a Estrela de Davi.
As mudanças são constantes na vida de todos. A falta de alimentos e a insegurança reina na sua casa que se tornou abrigo para amigos e familiares, refugiados na própria terra. As escolas foram fechadas e o povo se sente cada dia mais amedrontado. Os poloneses, principalmente judeus, são forçados a trabalhar na construção dos guetos. O senso de justiça de Julian aflora ainda mais,  quando as questões ficam sem respostas...
TERÇA-FEIRA, 6 DE MARÇO
Hoje o boletim de Informação traz o anúncio da Resistência de que qualquer participação de poloneses em atividades antijudaicas será uma traição passível de punição com a morte... Fico perguntando o que os judeus fizeram aos alemães para receberem um tratamento pior que o dos outros poloneses.
Os massacres são diários. Os judeus poloneses são obrigados a viverem isolados nos guetos recebendo uma pequena porção de alimentos. Enquanto ficam enfraquecidos pela desnutrição, corre o boato que estão contaminados com tifo, afastando assim o restante da população. A repulsa pelos alemães só aumenta...

Julian não pode compactuar com tamanha injustiça com a sua Polônia e com os judeus. Mesmo sendo uma criança, ele decide lutar por sua pátria, contra os alemães e russos que destroem a cada investida, a história de toda uma nação e a vida de milhões de seres humanos.

Julian tornou-se um fiel soldado do Comando do Exército da Pátria. Durante os anos de guerra lutou bravamente. Conheceu a miserável e triste realidade no Gueto, tornou-se prisioneiro de guerra, sofreu agressões, sentiu a perda de inúmeros entes queridos, ficou seriamente doente... Sempre que possível manteve contato com a família. É certo que Julian sobreviveu a tanto sofrimento, pois conseguiu manter vivo o ideal de ver sua Polônia livre.

SEGUNDA-FEIRA, 24 DE JULHO
O tempo parece que se arrasta nessa espera nervosa do grande momento em que entraremos em luta aberta contra o nosso inimigo.
Minha casa é o centro de distribuição de sopa para cerca de 50 homens do nosso pelotão, todos hospedados em diferentes casas de Zoliborz. Nossa companhia, como única companhia de comandos em Zoliborz vai, naturalmente, lutar nessa zona de Varsóvia. Estou feliz por estar defendendo e libertando a minha casa e a minha vizinhança.
A Cor da Coragem é um livro emocionante, que comove pela riqueza dos detalhes e pelo sentimento de indignação impresso em cada palavra. Como está na capa do livro, é a guerra de um menino.

Julian escolheu o caminho da luta. Empenhou-se como combatente no Exército da Pátria e descreve o que viveu sempre ressaltando e reverenciando os amigos e familiares que fizeram parte de sua vida. A guerra feriu, mas não endureceu seu coração. Por tanta luta e por tanta desigualdade, aos dezesseis anos Julian possuía a maturidade que muitos demoram a alcançar.

Como o próprio autor diz, as datas são próximas ao que se recorda dos acontecimentos, mas o que não perde em nada a credibilidade da história. O livro traz muitas fotos da época e recursos digitais, os códigos QR que permitem ao leitor obter na internet alguns vídeos referentes à Segunda Guerra.

Impossível não se envolver pelo olhar de um menino que acompanhou tamanha insanidade, que manchou a história da humanidade.

Nos últimos tempos não me envolvi tanto com uma história como a de Julian. Não só recomendo, como desejo que todos tenham a oportunidade de ler.


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