#EspecialOutubroRosa - Tag Literária #TAGMulheresInspiradoras - Clã dos Livros

#EspecialOutubroRosa - Tag Literária #TAGMulheresInspiradoras

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Com o especial Outubro Rosa a todo vapor, resolvemos criar uma TAG literária sobre Mulheres que fizeram história.

#TAGMulheresInspiradoras

Convidamos todos a participar, postando 
suas leituras e marcando com: 

#TAGMulheresInspiradoras , #MulheresInspiradoras e #EspecialOutubroRosa

1 - Maria da Penha - Uma personagem vítima de violência (seja doméstica ou não).

2 - Chiquinha Gonzaga - Uma personagem a frente de seu tempo, que provocou alvoroço na sociedade por sua personalidade.

3 - Bertha Lutz - Uma personagem que lutou pelos direitos de seu povo. 

4 - Maria Quitéria - Uma personagem que foge dos padrões femininos ao escolher uma profissão considerada masculina.

5 - Leila Diniz - Uma personagem adepta ao amor livre | que fale sem barreiras sobre sexo.

6 - Elza Soares - Personagem que teve um casamento forjado.

7 - Frida Kahlo - Uma personagem que encontrou na profissão uma forma de superar sua dor.

8 - Octavia E. Butler - Um livro que traga uma protagonista negra.

9 - Simone de Beauvoir - Uma personagem que não queira se casar, que fuja do estereotipo de busca pelo par perfeito.

10 -PAGU - Uma personagem bad girl.



Conheça um pouco sobre cada 
uma das Mulheres Inspiradoras

Maria da Penha

Maria da Penha Maia Fernandes é um dos símbolos contemporâneos de justiça. 

Farmacêutica, conheceu o homem que viria a se tornar seu marido e pai de suas três filhas durante sua pós-graduação na USP (Universidade de São Paulo). 

Marco Antônio Heredia Viveiros, economista colombiano, era simpático e solícito no início do casamento. Até que, após o nascimento da segunda filha do casal, se iniciaram as agressões.

Em maio de 1983, na madrugada, Maria da Penha acorda com o estampido de um tiro disparado por seu marido. A bala atingiu sua coluna vertebral, deixando-a à beira da morte. Após meses de reabilitação, recebeu a notícia de que estava tetraplégica.

Seu marido simulou um assalto, negando completamente sua participação. Ao voltar para casa, esse mesmo homem tenta matá-la novamente: desta vez, eletrocutada no banho.

Maria da Penha, mesmo com limitações físicas, e ainda abalada psicologicamente; iniciou sua batalha para a condenação de seu agressor.



Marco foi condenado pela primeira vez somente oito anos após o crime. Claro que isso deixou Maria inconformada, e assim ela resolveu contar sua história em um livro, intitulado Sobrevivi... posso contar. Nele, retrata todas as agressões que ela e suas filhas sofreram. Por meio do livro, Maria da Penha conseguiu contato com o CEJIL-Brasil (Centro para a Justiça e o Direito Internacional) e o CLADEM-Brasil (Comitê Latino-Americano do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher), que juntos encaminharam, em 1998, à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) uma petição contra o Estado brasileiro, relativa ao paradigmático caso de impunidade em relação à violência doméstica por ela sofrido (caso Maria da Penha nº 12.051).

Em 2001, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em seu Informe nº 54, responsabilizou o Estado brasileiro por negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica contra as mulheres.


Ela lutou por 19 anos. E foi devido a repercussão de seu sofrimento e de sua luta, que Maria da Penha viu o Brasil reconhecer que precisava criar uma lei que punisse a violência doméstica contra as mulheres. Se tornou um grande símbolo desta luta, e a lei 11340 de 2006, que cria mecanismos para coibir e proibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, recebeu o seu nome. A lei é a principal ferramenta legislativa no combate à violência familiar e doméstica no país, abrangendo não somente a agressão física, mas também abusos sexuais, psicológicos, morais e patrimoniais entre vítima e agressor (que não precisa ser necessariamente marido, basta ter alguma relação afetiva).
A principal finalidade da lei não é punir os homens. É prevenir e proteger as mulheres da violência.
Claro que até hoje a personalidade ainda é muito ativa e não deixa de lutar a favor das vítimas de agressão. 

Fontes:

Chiquinha Gonzaga


Foi uma mulher que viveu a frente de seu tempo. Primeiro pelo fato de ter se destacado na música em um período onde a profissionalização da mulher no meio musical era inédita e depois por ter destaque na luta contra o preconceito e atraso social.

Nascida em 1847, Chiquinha era filha de um conceituado militar com a filha de escrava, Rosa.


Desde pequena se encantou pelo piano. Aos 16 anos, se casou com Jacinto Ribeiro do Amaral, escolhido por seu pai. O marido não aceitava sua dedicação ao piano, que era visto como um verdadeiro rival.

Quando se apaixonou pelo engenheiro João Batista de Carvalho, não pesou em nenhum momento quando abandonou o casamento infeliz.

Foi processada por abandono do lar e adultério. Claro que em meio a sociedade do século XIX, Chiquinha foi meramente condenada moralmente. Desiludida, sobrevivia do que mais sabia fazer: tocar piano.

Era abolicionista, passou a vender partituras a fim de arrecadar fundos para a Confederação Libertadora. Com o dinheiro de suas músicas, comprou a alforria do escravo músico José Flauta.



Como autora de músicas de sucesso, sobretudo pela divulgação nos palcos populares do teatro musicado, Chiquinha Gonzaga sofreu exploração abusiva de seu trabalho, o que fez com que tomasse a iniciativa de fundar, em 1917, a primeira sociedade protetora e arrecadadora de direitos autorais do país, a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (Sbat).



Personalidade exuberante, ela foi dos compositores brasileiros a que trabalhou com maior intensidade a transição entre a música estrangeira e a nacional. Com isso, abriu o caminho e ajudou a definir os rumos da música propriamente brasileira, que se consolidaria nas primeiras décadas do século XX.



Bertha Lutz


Bióloga brasileira, defendeu o direito à emancipação feminina durante toda sua vida.

Nascida em 1894, foi educada na Europa. Foi no exterior que Bertha conheceu os movimentos feministas.

Regressou ao Brasil em 1918, já formada em Ciências Naturais e decidida a defender os direitos das mulheres no país.

Em 1919, passou no concurso público para bióloga no Museu Nacional do Rio de Janeiro, se tornando a segunda mulher brasileira a ingressar no serviço público.

No mesmo ano, junto a outras mulheres, criou a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher, que viria a ser o embrião da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.

Desde então, passou a lutar pelo direito de voto para as mulheres do país. 

Entre outras ações, Bertha Lutz organizou o I Congresso Feminista do Brasil, discutiu problemas relacionados à proteção do trabalho feminino na Organização Internacional do Trabalho e participou da Conferência Internacional da Mulher, em Berlim, em 1929. Ao regressar, fundou a União Universitária Feminina. Em 1932, criou a Liga Eleitoral Independente e, no ano seguinte, a União Profissional Feminina e a União das Funcionárias Públicas. 

Por meio do Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, do presidente Getúlio Vargas, que garantiu o direito de voto feminino no País; obteve grande vitória junto ao movimento feminista. As mulheres brasileiras conseguiram o direito de voto antes das francesas. Dois anos depois, Bertha participou do comitê elaborador da Constituição (1934) e garantiu às mulheres a igualdade de direitos políticos.
“Uma constituição não deve ser uma camisa de força, nem o espelho de um momento que procura perpetuar a imagem das paixões transitórias e de teorias evanescentes. Deve marcar um passo à frente na marcha redentora da civilização. Deve ser uma moldura ampla que possa enquadrar todas as manifestações da vida política, no domínio pacífico da lei”.
Candidata em 1933 a uma vaga na Constituinte de 1934 pelo Partido Autonomista do Distrito Federal, representando a Liga Eleitoral Independente, ligada ao movimento feminista, Bertha não conseguiu eleger-se, como noticiou O GLOBO em 22 de abril de 1933. No entanto, acompanhou as discussões da Constituinte a convite da deputada Carlota Pereira de Queirós.

No pleito de outubro de 1934, candidatou-se mais uma vez e, novamente, obteve apenas uma suplência. Em julho de 1936, acabou assumindo a cadeira de deputada federal na vaga deixada por Cândido Pessoa, que falecera. Em seu mandato, lutou pela mudança da legislação trabalhista referente à mulher e ao menor, propôs igualdade salarial, licença de três meses à gestante, redução da jornada de trabalho, então de 13 horas.

Permaneceu na Câmara até 1937. A decretação do Estado Novo abortou a carreira de Bertha como parlamentar e arrefeceu a capacidade de mobilização da FBPF. Bertha foi gradualmente se afastando da presidência da federação, até deixar definitivamente o cargo, em 1942. Manteve-se ao longo da segunda metade do século fiel à luta das mulheres pela cidadania. Em 1944 representou o Brasil na Conferência Internacional do Trabalho, realizada na Filadélfia (EUA), como membro da Comissão de Assuntos Femininos. Em junho de 1945, foi delegada do Brasil junto à Conferência de São Francisco, onde o Brasil apresentou uma emenda ao “Pacto de Segurança”, na Conferência das Nações Unidas.



Em 1951, a feminista foi premiada como título de “Mulher das Américas” e, em 1952, foi a representante do Brasil na Comissão de Estatutos da Mulher das Nações Unidas, comissão criada por iniciativa sua. Dois anos mais tarde, foi eleita delegada do Brasil junto à Comissão Interamericana de Mulheres da União Panamericana de Repúblicas. Bertha Lutz permaneceu ocupando importantes cargos públicos, entre os quais a chefia do setor de botânica do Museu Nacional, até se aposentar, em 1964.

Com a repercussão das lutas do movimento feminista internacional, a Organização das Nações Unidas estabeleceu o ano de 1975 como o “Ano Internacional da Mulher” e, atendendo a um convite da Presidência da República e do Ministério das Relações Exteriores, Bertha integrou a delegação brasileira no primeiro Congresso Internacional da Mulher, promovido pelas ONU, realizado na Cidade do México, conforme edição de 15 de junho. Foi seu último ato público em defesa da causa feminina e da equidade de gênero.

Bertha nunca se casou, talvez pela dificuldade de conciliar a atividade política e científica com os compromissos de um casamento. Ela morreu em 16 de setembro de 1976, na Casa de Saúde Solar da Tijuca, no Rio, de pneumonia aguda, aos 82 anos, onde vivia há algum tempo.

Fontes:

Maria Quitéria

Maria Quitéria nasceu entre os anos de 1792 e 1797 no arraial de São José de Itapororocas, Bahia. Filha de Gonçalo Alves de Almeida e Quitéria Maria de Jesus, Maria perdeu sua mãe aos 10 anos. Assumiu a casa e cuidou de suas irmãs. 

Seu pai casou pela segunda vez, mas logo ficou viúvo. Casou-se novamente e teve mais três filhos. Sua nova esposa não apoiava o comportamento independente de Maria Quitéria. Sua relação com a terceira esposa de seu pai não era amistosa, o que levou Maria a passar a maior parte de seu dia fora de casa. Sendo assim, ao invés de aprender atividades voltadas à mulher do século XIX (como costurar e bordar), aprendeu a montar cavalos e a manejar armas de fogo.

Maria Quitéria não frequentou a escola. Dominava a montaria, caçava e manejava armas de fogo. Deflagradas as lutas de apoio à independência em 1822, o Conselho Interino do Governo da Bahia, defendia o movimento e procurava voluntários para suas tropas. Maria Quitéria, interessada em se alistar pediu permissão ao seu pai, mas seu pedido foi negado. Com o apoio de sua irmã Tereza Maria e seu cunhado José Cordeiro de Medeiros, Quitéria cortou o cabelo, vestiu-se de homem e se alistou com o nome de Medeiros, no batalhão dos "Voluntários do Príncipe Dom Pedro".


Depois de duas semanas foi descoberta pelo pai, mas o major José Antônio da Silva Castro não permitiu que ela fosse desligada, pois era reconhecida pela disciplina militar e pela facilidade de manejar as armas. Maria Quitéria seguiu com o Batalhão para vários combates. Participou da defesa da Ilha da Maré, da Pituba, da Barra do Paraguaçu e de Itapuã.

No dia 2 de julho de 1823, quando o exército entrou na cidade de Salvador, Maria Quitéria foi saudada e homenageada pela população. Tornou-se exemplo de bravura nos campos de batalha e foi promovida a cadete, em 1823. Foi condecorada no Rio de Janeiro com a Ordem Imperial do Cruzeiro do Sul, em uma audiência especial onde recebeu a medalha das mãos do próprio Imperador Dom Pedro I.

Reformada com o soldo de alferes, Maria Quitéria voltou para a Bahia com uma carta do Imperador dirigida a seu pai, pedindo que ela fosse perdoada pela desobediência. Casou-se com um namorado antigo, o lavrador Gabriel Pereira de Brito, com quem teve uma filha, Luísa Maria da Conceição. 

Já viúva, mudou-se para Feira de Santana, para tentar receber parte da herança do pai que havia falecido em 1834. Desistindo do inventário, foi com a filha para Salvador.

Maria Quitéria faleceu em Salvador, Bahia, no dia 21 de agosto de 1853. Morreu quase cega em total anonimato. Seus restos mortais estão sepultados na Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento no bairro de Nazaré em Salvador.

Maria Quitéria foi a primeira mulher, no Brasil, a sentar praça num acampamento militar. Em 1953, cem anos depois de sua morte, o governo brasileiro ordenou que "em todos os estabelecimentos, repartições e unidades do Exército fosse inaugurado o retrato da insigne patriota".

Fontes:



Leila Diniz



Leila Diniz quebrou tabus de uma época em que a repressão dominava o Brasil, escandalizou ao exibir a sua gravidez de biquíni na praia, e chocou o país inteiro ao proferir a frase: Transo de manhã, de tarde e de noite





Considerada uma mulher à frente de seu tempo, ousada e que detestava convenções. Foi invejada e criticada pela sociedade conservadora das décadas de 1960 e 1970 e pelas feministas pois consideravam que ela estava a serviço dos homens .



Leila falava de sua vida pessoal sem nenhum tipo de vergonha ou constrangimento. Concedeu diversas entrevistas marcantes à imprensa, mas a que causou um grande furor no país foi a entrevista que deu ao jornal O Pasquim em 1969. Nessa entrevista, ela, a cada trecho, falava palavrões que eram substituídos por asteriscos, e ainda disse: Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para cama com outra. Já aconteceu comigo. 

O exemplar mais vendido do jornal foi justamente esse no qual foi publicada a entrevista da atriz fluminense. E foi também depois dessa publicação que foi instaurada a censura prévia à imprensa, mais conhecida como Decreto Leila Diniz. Perseguida pela polícia política, Leila se esconde no sítio do colega de trabalho Flávio Cavalcanti, tornando-se em seguida jurada do programa do apresentador, no momento em que é acusada de ter ajudado militantes de esquerda. 

"Todo mundo tem vontade de amar."

Morreu em um acidente de avião em Nova Déli, Índia, em junho de 1972, aos 27 anos, quando voltava de um festival de cinema na Austrália, onde foi receber o prêmio de melhor atriz pelo filme Mãos Vazias.

Fontes: 

Elza Soares

Esse nome é conhecido popularmente por todos nós. Elza é cantora, e esse ano completou 87 anos.


Particularmente, sempre vi seu nome nas listas de mulheres que merecem destaque, e, infelizmente, nunca havia parado para ler sua história até esse especial. Acreditava que ela estava sendo citada ali devido a sua voz, tão característica.

Nasceu na favela Moça Bonita (hoje Vila Vintém). Sua infância foi marcada pela pobreza. Precisava trabalhar para ajudar a família.

Aos doze anos, ainda criança, foi obrigada a se casar e aos 13 já era mãe. Seu maior sonho era ser cantora, e quando seu filho adoeceu e ela não tinha renda para pagar os medicamentos, se apresentou na Rádio Tupi escondida, na esperança de salvar o filho.

Foi sua primeira apresentação ao vivo numa emissora que era a maior de seu tempo. O apresentador, Ary Barroso, ao ver seu jeito humilde de falar e se vestir, não a levou a sério. Olhando para ela, perguntou ironicamente de que planeta havia vindo, o que levou a plateia a gargalhar. Elza então respondeu: "vim do planeta fome". Nada abalada, ela soltou a voz impressionando o apresentador, que declarou que naquele momento uma estrela havia nascido.

Elza conseguiu o dinheiro para os medicamentos de seu filho. Mas mesmo assim, ele veio a falecer. 

Sua família foi totalmente contra a carreira artística, mesmo que essa poderia dar fim à pobreza.

Aos 21 anos, Elza havia enterrado dois filhos e seu marido. Desempregada, com cinco crianças para criar, mais uma vez recorreu ao mundo artístico. O que sabemos que deu muito certo!

Aos 27 anos, começou a se relacionar com o então deus do futebol, Garrincha. Na época, o jogador era casado, e Elza recebeu o rótulo de "amante que acabou com o casamento do ídolo brasileiro".

Sua história com o jogador foi um pesadelo. Sofreu ameaças, ataques e foi hostilizada pelos amigos do mesmo. E um grande detalhe: antes de Elza, Garrincha havia tido três esposas, mas mesmo assim, ela foi considerada a grande vilã.

Apesar de tudo, eles se casaram e permaneceram juntos por aproximadamente 17 anos. Garrincha era alcoólatra, inclusive estava sob efeito do álcool quando sofreu um acidente de carro que ocasionou a morte da mãe de Elza, em 1969.

Ela sempre lutou pela recuperação do marido. Ia em bares pedir encarecidamente para que ninguém oferecesse bebida alcoólica a ele. Os amigos de Garrincha enxergavam essa atitude como "controle", e a xingavam de bruxa devido a isso.

O casal teve apenas um filho, um menino, nascido em 9 de julho de 1976, que o jogador queria tanto, pois teve nove filhas mulheres com a outra esposa, e queria um filho homem, apesar de ter tido dois meninos com a segunda e terceira esposa, quase não os via. O garoto recebeu o mesmo nome de seu pai, Manoel Francisco dos Santos Filho, sendo apelidado de Garrinchinha. Em 1983 Garrincha morreu de cirrose, o que a fez ficar arrasada, mesmo já estando separada dele. Em 11 de janeiro de 1986, outra tragédia em sua vida: Seu filho Garinchinha morreu em um acidente de carro aos 9 anos de idade, ao voltar da primeira visita que fez à terra do pai, no distrito de Pau Grande, em Magé. Chovia muito, e o motorista do carro perdeu o controle, a porta do carro se abriu e o menino foi arremessado para dentro do rio Imbariê, na Rodovia Rio-Teresópolis. Elza ficou derrotada com a perda desse filho, tentou o suicídio, felizmente sem sucesso, e decidiu sair do Brasil, morando fora por alguns anos, fazendo turnês pela Europa e EUA. Depois de muitos anos investigando onde sua filha estava, ao voltar ao Brasil descobriu seu paradeiro, o que foi um recomeço em sua vida. Ela já estava formada, tinha boa educação e uma vida estruturada, e a aceitou como mãe ao longo do tempo.

Apesar de tantas atribulações, Elza é conhecida na mídia por sempre aparecer feliz e cantando, sorrindo, o que mostra um exemplo de vitória para quem passa por dificuldades como ela passou.

Elza teve oito filhos: Seus dois primeiros filhos, ambos meninos, que faleceram recém nascidos, e posteriormente teve João Carlos, Gerson, Gilson, Dilma, Sara e Manoel Francisco (Garrinchinha). Em 26 de julho de 2015, Elza perdeu seu quinto filho, Gilson, de 59 anos de idade, vítima de complicações de uma infecção urinária. O fato a abalou muito, e comoveu o Brasil.
"Cada porrada que eu levo, cara, é como se fosse um beijo. Já me disseram: "esse sofrimento seu!" Não foi sofrimento, foi uma escola da vida. Eu aprendi muito, cada vez que você leva uma queda, que é só caindo que você vai se levantar."
Só o fato de estar viva já é notável e mais impressionante ainda é ver que Elza se recusa a parar quieta. No palco, precisa ficar sentadinha e o fôlego às vezes lhe falta. Mesmo assim, a voz ainda é poderosa – tal qual o espírito dessa mulher inacreditavelmente forte.

Fontes:

Frida Kahlo

Frida Kahlo (1907-1954), nome artístico de Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón, nasceu em Coyoacán, no México, no dia 6 de julho de 1907. Filha de pai alemão e mãe espanhola desde pequena teve uma saúde debilitada, com seis anos contraiu poliomielite que lhe deixou uma sequela no pé. Com 18 anos sofreu um acidente de ônibus que lhe deixou um longo período no hospital, e mais tarde se viu obrigada a amputar a perna.

Apesar de deprimida e incapacitada de andar, passou a pintar freneticamente a sua imagem, com um espelho pendurado na sua frente. Dizia: “Para que preciso de pés quando tenho asas para voar?”. Entre aos anos de 1922 e 1925 estudou desenho e modelagem na Escola Nacional Preparatória do Distrito Federal do México. Em 1928 filiou-se ao Partido Comunista Mexicano. Em 1929 casou-se com o pintor mexicano Diego Rivera, também militante do Partido Comunista.



Foi um casamento tumultuado, visto que ambos tinham temperamentos fortes e casos extraconjugais.

Em 1930, foi com o marido para os Estados Unidos, onde ele trabalhava e realizava exposições. Frida chamava atenção por exagerar nas roupas, enfeites, risos e gestos. Dedicou-se à pintura – boa parte delas, autorretratos – de inspiração surrealista, apesar de negar dizendo que não pintava sonhos e sim sua própria realidade. Ficou nos Estados Unidos até 1934.

Em 1939, já separada do marido, foi para Nova York onde fez sua primeira exposição individual, com sucesso da crítica. Em seguida foi para Paris onde expôs suas obras. Nessa época, entra em contato com Pablo Picasso e Wassily Kandinsky. O Museu do Louvre adquire um de seus autorretratos.
“Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor”.
Kahlo era bissexual, e Rivera aceitava abertamente os relacionamentos de Kahlo com mulheres, mesmo elas sendo casadas. Mas não aceitava os casos da esposa com homens. Frida descobre que Rivera mantinha um relacionamento com sua irmã mais nova, Cristina.

Após essa outra tragédia de sua vida, separa-se dele e vive novos amores com homens e mulheres, mas em 1940 une-se novamente a Diego. O segundo casamento foi tão tempestuoso quanto o primeiro, marcado por brigas violentas. Ao voltar para o marido, Frida construiu uma casa igual à dele, ao lado da casa em que eles tinham vivido. Essa casa era ligada à outra por uma ponte, e eles viviam como marido e mulher, mas sem morar juntos. Encontravam-se na casa dela ou na dele, nas madrugadas.

Embora tenha engravidado mais de uma vez, Frida nunca teve filhos, pois o acidente que a perfurou comprometeu seu útero e deixou graves sequelas, que a impossibilitaram de levar uma gestação até o final, tendo tido diversos abortos.

Tentou diversas vezes o suicídio com facas e martelos.

Apesar de passar por diversas cirurgias e usar um colete de gesso em consequência do acidente, Frida não parava de pintar. Sua obra recebia influência da arte indígena mexicana. Pintava paisagens mortas e cenas imaginárias. Usava cores fortes e vivas, explorando principalmente os autorretratos. Era também aficionada por fotografia, hábito que herdou de seu pai e do seu avô materno, ambos fotógrafos profissionais.

Em 1942, Frida Kahlo começou a lecionar artes na Escola Nacional de Pintura e Escultura, escola recém-fundada na cidade do México. Foi uma defensora dos direitos das mulheres, tornando-se um símbolo do feminismo. Deprimida, viveu os últimos anos de sua vida na Casa Azul, no México.


Em 13 de julho de 1954, Frida Kahlo, que havia contraído uma forte pneumonia, foi encontrada morta. 

Seu atestado de óbito registra embolia pulmonar como a causa da morte. Mas não se descarta a hipótese de que tenha morrido de overdose (acidental ou não), devido ao grande número de remédios que tomava. A última anotação em seu diário, que diz "Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar - Frida", permite a hipótese de suicídio. Seu corpo foi cremado, e suas cinzas encontram-se depositadas em uma urna em sua antiga casa, hoje Museu Frida Kahlo.

Fontes

Octavia E. Butler

Octavia Estelle Butler nasceu em 22 de junho de 1947, em Pasadena, na Califórnia, filha única de Octavia Margaret Guy, uma empregada doméstica, e Laurice James Butler, um engraxate. O pai de Butler morreu quando ela tinha sete anos, ficando sua criação a cargo da mãe e da avó materna. 

Octavia cresceu na comunidade racialmente integrada da cidade de Pasadena, o que lhe permitiu viver num espaço de diversidade cultural e étnica em meio à segregação racial nos Estados Unidos. Mesmo assim, a autora também se familiarizou com o funcionamento da supremacia branca, como nas ocasiões em que acompanhou sua mãe ao trabalho: nestes momentos, a escritora chegou a ver sua mãe entrando nas casas de pessoas brancas pelas portas dos fundos e também presenciou pessoas brancas falando a ela ou dela de maneira desrespeitosa. Diversas vezes, a mãe de Butler trouxe para casa livros e revistas que as famílias brancas haviam jogado fora para sua jovem filha ler.

Desde muito cedo, uma timidez quase paralisante tornou difícil para Octavia se socializar com outras crianças. Essa dificuldade, junto com uma pequena dislexia que tornava seus trabalhos escolares um tormento, a fez acreditar que ela era "feia e estúpida, desajeitada e socialmente incorrigível". Eventualmente, ela cresceu até ter 1,80m de altura, se tornando alvo fácil para bullying. Como resultado, ela frequentemente passava seu tempo lendo na Biblioteca Pública de Pasadena e escrevendo resmas e resmas de páginas em seu "grande caderno rosa". Cativada, a princípio, por contos de fadas e estórias equestres, rapidamente ela se interessou por revistas de ficção científica como a Amazing Stories.


Aos dez anos, ela implorou que sua mãe lhe comprasse uma máquina de escrever Remington, na qual "escreveu [suas] histórias a dois dedos". Aos doze anos, ao assistir a versão televisionada do filme Devil Girl from Mars, convenceu-se de que poderia escrever uma história melhor. Escreveu, então, o rascunho do que, mais tarde, se tornaria a base para seus romances da série Patternist. Até então alegremente desavisada dos obstáculos que uma escritora negra e mulher poderia encontrar, a jovem autora se tornou insegura pela primeira vez aos treze anos quando sua bem-intencionada tia Hazel transmitiu-lhe a realidade da Segregação em cinco palavras: "Querida... Negros não podem ser escritores". Mesmo assim, Butler perseverou em seu desejo de publicar uma história, chegando a pedir ao seu professor de ciências do ensino fundamental, Sr. Pfaff, que digitasse o primeiro manuscrito que ela enviou a uma revista de ficção científica.

As histórias que Octavia criava em sua imaginação também pertenciam a um gênero literário não só dominado por brancos, mas por homens. Mesmo assim, Octavia pensava em histórias em que a mulher assumiria papéis importantes.

Octavia trabalhava de dia e fazia faculdade à noite, até se formar em 1968. Continuou a escrever, dividindo sua rotina entre empregos temporários e escrita. Depois de seu livro Kindred, publicado em 1979, ela passou a se dedicar integralmente ao trabalho de escritora.

As histórias de Octavia, além de trazer pessoas negras como protagonistas, também colocavam questões de raça e gênero no centro dos conflitos.


“Comecei a escrever sobre poder porque era algo que eu tinha muito pouco”

Entre distopias, viagens no tempo, aliens e seres humanos geneticamente modificados, Octavia trazia para seus livros questionamentos sobre a própria humanidade. Ela buscava confrontar a figura de seres “superiores” (super-humanos, aliens ou até senhores de escravos) com personagens que representavam a diversidade e a mudança.

Após sua morte, em 2006, uma bolsa de estudos que leva seu nome foi criada para incentivar estudantes negros inscritos nas oficinas de escrita onde Butler foi aluna e, mais tarde, professora.

Fonte:



Simone de Beauvoir



Nasceu na cidade de Paris, capital da França, em 09 de janeiro de 1908 e faleceu na mesma cidade em 1986. Considerada um ícone do feminismo, também é uma das principais representantes do movimento existencialista francês do século XX, ao lado do filósofo Jean-Paul Sartre (1905-1980), com quem estabeleceu uma peculiar relação de amizade, amor e troca intelectual de grande relevância.



O pai, ainda que advogado e funcionário graduado sem maiores ambições era um leitor compulsivo e amante do teatro e das representações domésticas quando revela seu discreto lado histriônico, certamente a influenciou na sua inclinação pelo abstrato e no gosto pelos livros.

Simone de Beauvoir era a mais velha das únicas duas filhas de Georges Bertrand de Beauvoir, um advogado em tempo integral e ator amador, e Françoise Brasseur, uma jovem de Verdun. Era uma criança atraente, mas mimada, teimando em obter o que queria, tendo sido o centro das atenções da sua família. A mãe não foi uma grande costureira, e as roupas que costurou eram mal ajustadas. Ao crescer, Beauvoir não tinha amigos além da irmã Poupette, que era dois anos e meio mais nova e de quem ela era próxima.

Em 1909, o avô materno de De Beauvoir, Gustave Brasseur, presidente do Banco Meuse, faliu, jogando toda a sua família na desonra e pobreza. Georges não recebeu o dote devido, por casar-se com Françoise, e a família teve que se mudar para um apartamento menor. Ele então teve de voltar ao trabalho, embora isto não lhe agradasse. A família lutou durante toda a infância das meninas para manter seu lugar na alta burguesia, e Georges dizia frequentemente: "Vocês, meninas, nunca se vão casar, porque vocês não terão nenhum dote".

De Beauvoir sempre esteve consciente de que seu pai esperava ter um filho, ao invés de duas filhas. Ele afirmava, "Simone pensa como um homem!" o que a agradava muito, e desde pouca idade distinguiu-se nos estudos. Georges passou seu amor pelo teatro e pela literatura para sua filha.Ele ficou convencido de que somente o sucesso acadêmico poderia tirar as filhas da pobreza.

Bem ao contrário da maioria das meninas e moças da sua classe social e do seu tempo que seguiam obedientes os ditames e os interditos de uma educação católica e aos mitos de um ‘cristianismo místico’ que tinha por fim formar boas e ‘respeitáveis esposas’, ‘mulheres direitas’, dóceis e crentes. E se isto não fosse alcançado, lhes restava a vida de solteira ou a clausura no convento.

Os primórdios desta sua trajetória rumo à emancipação completa (negou-se a casar, ser dona de casa e a ter filhos) acha-se magistralmente relatado no livro Memórias de uma moça bem comportada, de 1958, escrito na plena maturidade da autora.

Ao analisar os processos de formação social entre homens e mulheres, Simone de Beauvoir identificou uma multiplicidade de instrumentos e mecanismos que construíram e “naturalizaram” grande diferenciação e hierarquização entre homens e mulheres, sempre em prejuízo dessas últimas. Compreendendo a extensão dessa desigualdade e os inúmeros problemas daí decorrentes, a filósofa desenvolveu estudos e argumentos que deram conta de novos saberes que produzissem novas configurações sociais.
"Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância."
Por meio de sua produção, em especial, sua célebre obra “Segundo Sexo” (1949), Simone se tornou um marco dentro do movimento feminista, rejeitando o tradicionalismo da formação e da moral religiosa dentro da qual foi educada e abordando temáticas inéditas até aquele momento, tanto em âmbito social quanto acadêmico. A referida obra traça uma profunda análise sobre o papel designado à mulher dentro da sociedade e sobre a construção do que é ser mulher, estabelecendo uma importante distinção entre os conceitos de gênero e sexo que a leva a sua clássica conclusão, a de que “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”, acrescentando que “Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado, que qualificam de feminino”.

Em 1986, a filósofa e escritora morreu de pneumonia em Paris, aos 78 anos de idade. Seu corpo encontra-se sepultado no mesmo túmulo de Jean-Paul Sartre no Cemitério de Montparnasse, na capital francesa.

Fontes:

Pagu

Patrícia Rehder Galvão (1910-1962), conhecida como Pagu, nasceu em São João da Boa Vista, em São Paulo, no dia 9 de junho de 1910. Filha de uma tradicional família paulista se comportava fora dos padrões da época, fumava na rua, falava palavrões e usava roupas pouco convencionais.


Com 15 anos, Pagu já colaborava com o Brás Jornal, com o pseudônimo de Patsy. Em 1928, com dezoito anos completou o curso de professora na Escola Normal de São Paulo. Nesse mesmo ano, conhece o casal Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, que haviam fundado o Movimento Antropófago e se integra a esse Movimento.
"Sonhe, tenha até pesadelo se necessário for, mas sonhe."
Em 1930, causa um escândalo na sociedade conservadora da época, quando Oswald de Andrade se separou de Tarsila e passa a viver com Pagu, grávida de seu primeiro filho. No mesmo ano nasce Rudá de Andrade.

Três meses após o parto, Pagu viajou pra Buenos Aires, para um festival de poesia, lá conheceu Luís Carlos Prestes e voltou entusiasmada com as ideias marxistas. Na volta filia-se ao Partido Comunista Brasileiro, junto com Oswald.

O apelido de “Pagu”, a escritora recebeu do poeta Raul Bopp, que por engano pensou que seu nome fosse Patrícia Goulart, e para ela escreveu o poema “Coco de Pagu”. Em 1931, intensificam-se suas atividades no Partido Comunista. Junto com Oswald fundou o jornal “O Homem do Povo”, que apoiava o grupo da esquerda revolucionária. Ao participar de uma greve de estivadores em Santos, Pagu foi presa pela polícia do governo de Getúlio Vargas.

Em 1933 Pagu publica “Parque Industrial”, sob o pseudônimo de Mara Lobo. A obra é uma narrativa urbana sobre a vida das operárias da cidade de São Paulo. Nesse mesmo ano, inicia uma viagem pelo mundo, como correspondente de vários jornais, deixando Oswald e o filho. Visita os Estados Unidos, o Japão e a China e a União Soviética.

Em 1935, filia-se ao partido comunista na França sendo presa em Paris como comunista estrangeira. Com identidade falsa volta ao Brasil. Separa-se do marido e ao retornar às suas atividades jornalísticas, é novamente presa e torturada pelas forças da ditadura, passando cinco anos na cadeia.

Em 1940, ao sair da prisão, Pagu tenta o suicídio, rompe com o Partido Comunista e passa a defender o socialismo e ingressa na redação do jornal “A Vanguarda Socialista”. Em 1945 casa-se com o jornalista Geraldo Ferraz e dessa união nasce seu segundo filho Geraldo Galvão Ferraz. Em 1946 passa a colaborar com diversos jornais, entre eles, A Manhã, O Jornal, A Noite e o Diário de São Paulo. Com o pseudônimo de “King Shelter” escreveu contos de suspense para a revista “Detetive”, dirigida por Nelson Rodrigues.

O casal se muda para a cidade de Santos, onde Geraldo é redator do jornal, A Tribuna de Santos. Nas eleições de 1950, Pagu tenta sem sucesso uma vaga para deputada estadual. Em 1952 passa a frequentar a Escola de Arte Dramática de São Paulo. Dedica-se especialmente no incentivo a grupos amadores de teatro e leva seus espetáculos para Santos. Liderou a campanha para a construção do Teatro Municipal, além de fundar a Associação dos Jornalistas Profissionais. Criou também a União do Teatro Amador de Santos.

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