( Resenha ) Filha das Trevas - Livro 1 da Série Saga da Conquistadora de Kiersten White @plataforma21 - Clã dos Livros

( Resenha ) Filha das Trevas - Livro 1 da Série Saga da Conquistadora de Kiersten White @plataforma21

Compartilhe:
Plataforma 21 

Clique na capa e veja onde comprar

Resenha

Esse livro não passa despercebido. Num primeiro momento, ao bater os olhos, ficamos encantados com a edição. Capa aveludada, ilustração singela porém que chama a atenção. E lá embaixo, tem um detalhe escrito que pra quem sabe a quem se refere, nem precisaria da sinopse pra levar o livro para casa: "Fria, implacável, vingativa. E herdeira de Vlad Dracul."

Eu sou apaixonada pela história de Vlad Dracul III. Ele realmente existiu, e é mundialmente famoso principalmente por ter inspirado a criação do ícone Conde Drácula, de Bram Stoker. No contexto histórico original, Vlad Dracul III era o herdeiro de Vlad Dracul. 

O que me chamou a atenção para a obra, foi o fato da autora ter se inspirado num contexto histórico real e envolvente, para criar uma trama fictícia original; onde ao invés de um homem herdeiro, temos uma mulher.

Vamos ao livro? 

Vlad Dracul é príncipe de Valáquia. Estamos no século XV, onde príncipes e reis tinham uma infinidade de amantes. Vlad não era diferente. Apesar de ser um homem frio, colecionava amantes e tinha filhos bastardos. Da sua esposa, Vlad desejava muito ter um menino. Porém, ficou completamente decepcionado com o nascimento de Lada, sua primeira filha do casamento.

Um ano depois, nascia Radu. Irmãos completamente diferentes, onde as características, por azar do príncipe, pareciam haver sido trocadas.

"Enquanto Lada era como a grama resistente que crescia em meio às frestas de uma superfície seca e rochosa, Radu era como uma flor delicada que só desabrochava em condições absolutamente perfeitas."

Enquanto Radu era um lindo menino, meigo, aquele tipo que todos queriam ter por perto devido a sua doçura; Lada era o oposto. Temperamento forte, inabalável, grossa. 

Lada era determinada. Radu, sensível. E claro que Vlad não ficava nem um pouco contente com isso. Não bastasse seu primeiro filho ser mulher, ainda tinha uma personalidade terrível, que com certeza não atrairia um bom casamento no futuro.

"Amor e vida. Coisas que podiam ser concedidas e tiradas em um piscar de olhos, tudo em nome do poder. Era impossível para ela abrir mão da própria vida. Já do amor..."

Acontece que a criação dessas crianças foi muito estranha. A mãe deles, não aguentou viver no reino de Vlad, e foi embora abandonando os filhos ainda pequenos quando teve oportunidade. 

Vlad não era um bom pai. Frio, distante. Mas seus filhos faziam de tudo para tentar agradá-lo. Radu com sua sensibilidade, Lada com sua força.

A menina realmente chama a atenção do leitor. É uma personagem diferente de todas que já conheci através dos livros. Lada é insana, cruel, fria. Mas existe algo nela que nos fascina. 

"(...) Na nossa noite de núpcias - ela disse -, vou arrancar sua língua e engolir. Assim as duas línguas que pronunciaram os votos de matrimônios vão ser minhas, e eu vou estar casada comigo mesma. Você provavelmente vai morrer engasgado com o próprio sangue, o que vai ser uma pena, mas vou ser ao mesmo tempo o marido e a esposa, e não uma pobre viuvinha."

Mesmo sendo tão diferente do irmão, ela o ama, do seu modo. E o protege com unhas e dentes. 

Desde pequena se interessava por lutas; os hábitos femininos nunca lhe chamaram atenção. Aliás, Lada tinha consciência de que sendo mulher, seria imposta a se casar cedo, e por isso decidiu que jamais iria se tornar fraca como sua mãe; tão pouco ser "domada" por um homem.

E assim, vamos acompanhando o crescimento das duas crianças. Ao mesmo tempo, temos uma prévia da administração e da personalidade de Vlad. 

Estamos numa época em que a religião dividia os povos. Vlad era cristão, seu reino era cristão. Mas por algum motivo, ele acatava as ordens do Império Otomano; inclusive fazia alianças com o sultão. Fato este muito estranho, já que os otomanos eram muçulmanos.

Lada mesmo pequena enxergava a fraqueza do pai e não compreendia.

As coisas pioraram ainda mais quando Vlad, deixou os dois filhos a mercê da corte otomana; como forma de garantia devido a uma dessas estranhas alianças. Caso ele não cumprisse sua parte no acordo, seus filhos estariam mortos.

Mais uma vez abandonados. Lada odiava os otomanos. Como poderiam viver ali?

Enquanto Vlad não se importava com Valáquia, sua filha, mesmo pequena, já tinha uma espírito diferente. Não era individualista, e quando enxergou o quanto o pai era fraco, perdeu a idolatria por ele.

Claro que sua estadia junto aos otomanos não era fácil. Como já disse, Lada é insana. Até mesmo os guardas a temiam. Ela reagia o quanto podia para não fazer parte daquilo, para não ser influenciada pelos costumes do povo. E Radu, por sua vez, ficava cada vez mais encantado pelas tradições muçulmanas.

"(...) Radu é quem está acostumado a fazer amigos. Eu faço as pessoas quererem me chicotear."

Mehmed é filho do sultão. Sua vida não era tão diferente da de Lada e Radu. Quando o destino entrelaça a vida dos três, uma incrível história de amizade, traição, amor e lutas surge afinal.


O livro é recheado de ação. Tem lutas, assassinatos. É até difícil chegar a uma limiar na resenha, porque eu não posso entrar nos detalhes que chegam na ação do livro, já que seria um spoiler.

"(...) Acho que às vezes, quando uma única vida põe em jogo o destino de uma nação, decisões impossíveis devem ser tomadas."

Quero que vocês saibam que a obra é muito rica em contexto histórico. Fiquei completamente encantada, amo livros que trazem esse resgate. 

Foi genial da parte da autora colocar uma personagem feminina para representar Vlad III. Eu fiquei pensando em todos os momentos como ela conduziria o enredo, sem se perder na história. Como puderam ver pela avaliação do livro, a leitura foi maravilhosa, não me decepcionei em nenhum momento. Mesmo conhecendo a fundo a história de Vlad, a fantasia proposta pela autora me surpreendeu muito.

É um livro muito completo, que cutuca por trazer uma personagem feminina diferente de todas as que estamos habituados a ver; por explorar uma cultura poligâmica e por trazer ainda a homossexualidade dentro do contexto. 

Todos os personagens foram minuciosamente construídos, fazendo-se essenciais à obra. E destaque para todos os do sexo feminino, a autora passou uma imagem muito positiva da mulher, deixando claro que todas são fortes, independente das condições que são submetidas. É um dos pontos mais altos do livro, pois mesmo o enredo se passando no século XV, ela destaca o papel da mulher.

Narrado em terceira pessoa, com uma edição maravilhosa e um enredo inteligentíssimo, o livro entrou na minha lista de favoritos. Aguardo ansiosa pelo segundo livro da série.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Post Bottom Ad

test banner