( Resenha ) Não Confie em Ninguém de Charlie Donlea @FaroEditorial

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Resenha

2007, Santa Lúcia. Um grupo de amigos se reuniram no lugar paradisíaco para celebrar o casamento de Daniel e Charlotte.

Dentre eles, o casal Grace e Julian. Futuros médicos, apaixonados. A celebração que tinha tudo para ser perfeita, torna-se um horror quando Julian desaparece.

Um assassinato. Seu corpo fora jogado de um penhasco. E as investigações apontavam para uma única suspeita: Grace Sebold.

Condenada, Grace cumpriria pena em um país estrangeiro. Apesar de todas as provas a ligarem ao crime, Grace se dizia inocente. Contestava cada argumento que a levaram para a prisão.

"Matar alguém exigia perfeição, timing e sorte."

Dez anos se passaram. A cineasta Sidney Ryan ganhava fama ao produzir documentários que retratavam falhas em julgamentos de crimes já esquecidos. Pessoas que foram presas injustamente, por conspiração ou simplesmente por "serem um caminho mais fácil" para acalmar uma população que tinha sede de justiça e buscava por qualquer culpado.

Não demorou para que Grace entrasse em contato com Sidney. Acreditando em sua inocência, pesquisando todos os passos que levaram Grace à prisão, a cineasta descobre falhas grotescas e tem a certeza de que Grace fora vítima de uma conspiração.

"Seu documentário mostrará a verdade, ou aquilo que acreditam que seja a verdade?''

A medida que vasculha o caso, fornecendo episódios frescos para os telespectadores, Sidney acaba por descobrir outro caso que mais uma vez aponta o nome de Grace. Seria ela mesmo inocente?

Preparem-se para mergulhar em uma história viciante. Acompanhem em primeira mão "A Garota de Sugar Beach". Inocente ou culpada? Vítima ou uma assassina fria e inescrupulosa?

Charlie Donlea vem conquistando seu lugar ao Sol. "Não Confie em Ninguém" é o seu terceiro livro publicado pela Faro, e mesmo com poucas obras, conquistou o título de um dos nomes mais aclamados da atualidade no que diz respeito ao gênero suspense.

Também pudera! Seguindo a linha dos dois primeiros, Charlie traz mais uma vez uma história envolvente e surpreendente. 

Com personagens tão bem construídos que beiram à realidade, o enredo tem uma narrativa gostosa, detalhista; porém com certa agilidade; fazendo com o que o leitor não se canse. 

Esse é o maior diferencial de Charlie. Os detalhes minuciosos nos permitem "visualizar" a história, como se fosse um filme; sem tornar a leitura arrastada.

"Qualquer promotor consegue condenar um culpado, mas é necessário um promotor especial para condenar um inocente."

Os personagens não precisam de muito para cativar. Como todo bom suspense, ficamos com receio do apego, mas tomamos partido. E outro ponto que acho válido ressaltar, é que seus livros, até agora, trouxeram personagens femininas de destaque; em posições de mérito. Vilãs ou mocinhas, o fato é que Charlie constrói personagens femininas inteligentes; do tipo que inspiram, surpreendem e até mesmo fazem temer. Nessa obra em específico, temos até uma "denúncia" ao machismo no trabalho.

É um livro que não sentimos vontade de largar. A leitura se torna rápida por esse feito. Me emocionei em muitas partes, senti raiva de algumas situações. Nos deparamos com um enredo que, mesmo se você ler a última folha, vai se surpreender com todo o andamento.

"- No mundo do xadrez, você já se perguntou como deve ser desagradável ser um peão?
- Não, nunca considerei essa linha de pensamento.
- O único papel do peão é o sacrifício e o desvio de atenção."

Um suspense maravilhoso, que nos faz querer mais livros do autor na estante. Narrado em terceira pessoa, ainda traz uma edição perfeita da Faro (que capricha muito quando o assunto é suspense). Segue os mesmos padrões dos livros anteriores, com capa em alto relevo.

Recomendo a obra para quem aprecia um suspense surpreendente. Mas atenção: não confie em ninguém!