( Resenha ) O Buraco da Agulha de Ken Follet @editoraarqueiro - Clã dos Livros
Editora Arqueiro

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Resenha

O que torna um livro um clássico? Seu valor cultural? A criatividade do enredo? O impacto perante a sociedade? 

O Buraco da Agulha de Ken Follett tem vários elementos que, juntos, fizeram-no se tornar um clássico da literatura mundial. Contexto histórico, um suspense bem elaborado, um enredo surpreendente e instigante... sucesso na certa! 

Quarenta anos após o seu lançamento, a Editora Arqueiro trouxe uma edição comemorativa, com uma introdução inédita escrita pelo criador da inestimável obra, que inclusive foi adaptada para os cinemas em 1981.

O livro traz como tema principal "espionagem". O cenário aqui é a Segunda Guerra Mundial, precisamente no ano de 1944. Para os que leem a despeito do tema, é sabido que este fora o ano chave para o fim da guerra; já que em 06 de junho ocorreu a maior operação militar da história, onde 155 mil soldados dos EUA, Grã-Bretanha e Canadá se lançaram na região da França, iniciando-se então, a libertação da Europa do domínio nazista.



Tendo por base os acontecimentos que precederam a importante data, somos levados à uma Europa tomada pela guerra; com o risco eminente de ataques e bombardeios. O perigo estava em todo lugar, por terra, por água - através dos submarinos alemães, e por ar; por meio dos aviões.

Espiões alemães se infiltravam em meio aos europeus a fim de descobrirem os passos do inimigo. Mesmo em vantagem, a Alemanha temia pelas atitudes do exército europeu e seus aliados. 

Um dos espiões mais estimados de Hittler e mais procurado dentre os aliados; recebia a alcunha de Agulha. 

Os Aliados se preparavam para o  Dia D, mas Hittler e seu exército deveriam desconhecer o plano. Eles queriam estar a frente do nazista. Mas Die Nadel (o Agulha), poderia estragar tudo. Seus disfarces eram perfeitos, seu rosto pouco conhecido, já que ele eliminava, com frieza, qualquer pessoa que poderia reconhecê-lo.

Assim, um grupo de caça-espiões fora formado. E a caça a Die Nadel não seria fácil, exigiria inteligência e astúcia.

Em meio a essa eletrizante busca por Die Nadel, conhecemos Lucy, uma mulher de beleza única e inteligência estimável. Com ideais à frente de seu tempo, que questionava o papel da mulher na sociedade; Lucy não escapou do desejo carnal e da paixão, se casando com David; um belo rapaz, pronto para assumir seu posto como piloto da Força Aérea Real.

"Na guerra, os meninos viram homens, os homens viram soldados e os soldados são promovidos."

Mas um acidente acaba com os planos do casal, obrigando-os a se isolarem numa ilha. Lucy e David não viveriam como um casal, e a infelicidade da mulher era nítida. 

Ela se manteve forte perante o casamento sem amor. Não se conformava, mas precisou aceitar a situação.

Os caminhos de Lucy e Die Nadel se cruzam. O espião até então frio e calculista, encontra sua perdição nessa mulher, que seria a chave do segmento da guerra. Caso se aliasse a ele, poderia garantir a vitória nazista. Caso não se aliasse, poderia garantir a sua destruição.

Um enredo eletrizante, que prende do início ao fim. Mesmo com um tema que acreditei que me levaria a demorar na leitura; já que gosto de pesquisar sobre os elementos reais dispostos em livros históricos; li rapidamente. O autor nos passa os acontecimentos "mastigados", o que torna a leitura fácil. O suspense deixa o leitor curioso, ansioso para virar as páginas e descobrir o desenrolar da história.

Os personagens possuem uma construção perfeita, coerente. As cargas emocionais de cada um convencem e envolvem o leitor. Assim sendo, em meio a uma trama de espionagem, ficamos ainda compadecidos com os dramas que todos carregam; tornando-os dessa forma, inesquecíveis ao leitor.

Die Nadel, o Agulha, o antagonista do enredo, choca e provoca o leitor. Sua maestria enquanto espião, é um dos pontos altos da história. Mesmo torcendo contra ele, é impossível não se surpreender positivamente com sua inteligência. 

Lucy, por sua vez, é a pérola negra do livro. Bendisse o nome do autor inúmeras vezes pela construção e claro, por sua importância na trama. Trazer uma mulher como peça chave numa história de guerra, utilizando bem mais que seus apetrechos físicos, é algo para se glorificar de pé. 

E tem mais. Os pensamentos narrados da personagem, questionam a posição da mulher no passado, e ainda servem para levantarmos reflexões até mesmo nos dias atuais. A mulher e o homem em relação ao sexo, quais os motivos para tantas diferenças?

Isso levado em consideração ao ano em que fora escrito, 1978; e considerando ainda o fato de ser um autor (homem!) o responsável pela construção de tal personagem, me fez procurar por mais obras e favoritar apaixonadamente o livro O Buraco da Agulha.

"Hoje em dia isto é comum, mas na época era inédito. Se existe um livro de espionagem anterior a este com uma heroína, eu desconheço."
A narrativa é em terceira pessoa; a edição da Arqueiro está linda, com capa emborrachada e fonte confortável para leitura.

Recomendo para os apaixonados por histórias de guerra e espionagem.

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