Astral Cultural
Sierra mora no Oregon com sua família, ou
pelo menos é ali que eles fixam moradia ao longo do ano, com exceção do período
de final de ano, onde eles viajam até a Califórnia, onde seus pais são donos de
uma fazenda de árvores de Natal e precisam se deslocar até lá para realizar as
vendas. Como Sierra tem dezesseis anos tendemos a acreditar que tal viajem
pudesse transtornar a adolescente que precisa deixar para trás as melhores
amigas, mas não, apesar da imensa saudade e da curiosidade de saber como seria
passar o final de ano em Oregon ao menos uma única vez, Sierra ama poder trabalhar
na fazenda e reencontrar sua outra melhor amiga Heather e reviver seus “rituais”
de final de ano.
“(...) Mas às vezes é bom das às pessoas o que elas querem, em vez de apenas o necessário.”
Entretanto, algo paira sobre a família neste ano em especial.
A fazenda não anda muito bem, devido ao crescimento das vendas em lojas de
departamentos e grandes comércios, os lucros não têm sido bons, o que ameaça a
continuidade desta rotina familiar, portanto, este pode ser o último ano em que
Sierra viaja até a Califórnia e vive o único natal que sempre conheceu, tendo
que deixar para trás Heather, suas árvores e algo completamente novo, um amor
que nunca tinha experimentado.
Que leitura envolvente, provavelmente eu li o livro no momento
mais oportuno, bem na época de feriados de final de ano e por essa razão todo o
enredo tenha feito sentido e me encantado da maneira como aconteceu. Sierra é
jovem, cheia de amigos, simpática e parte de uma família incrível, cercada de
muito amor, cuidado e respeito. O relacionamento familiar dela é baseado em
confiança e diálogo e podemos notar o quanto o autor quis mostrar a importância
disso. Estar na Califórnia com a possibilidade de ser seu último ano, desperta
em Sierra um sentimento de urgência, e portanto ela decide que precisa
aproveitar o máximo que puder e acaba se permitindo viver novas experiencias,
como sair mais e aproveitar melhor cada segundo ali e apesar de toda relutância
em se envolver com alguém, porque qualquer relacionamento – amizade ou afetivo
-, teria uma data de validade, se torna uma missão perdida quando ela conhece Caleb, um jovem lindo, que a intriga e
encanta, mas com um passado conturbado.
“— As pessoas pensam o que querem. Eu tive que aceitar isso — diz ele. — Posso lutar contra, mas é cansativo. Posso me sentir magoado, mas isso é tortura. Ou posso decidir que eles é que estão perdendo.”
Não sei se estou sabendo me expressar, mas apesar de toda
leveza e narrativa fácil, Jay Asher nos apresenta mais uma história relevante,
falando sobre família, amizade, perdão, boatos, confiança, respeito, segunda-chance,
primeiro amor... Existe uma intensidade no que ele esta abordando, como por
exemplo, quando ele retrata a importância de se confiar, dar ao outro o benefício
da dúvida, para que ele se explique, te conte a sua versão da história e não
apenas os boatos – Caleb está manchado por muitas conversas envolvendo o seu
nome, por essa razão temos duas versões dele, a que falam, e a que ele
demonstra ser. E a pergunta que fica no ar: — É qual delas de fato é a
verdadeira?. Ainda falando sobre o Caleb, temos outro ponto que gostei
bastante, a maneira como ele próprio se vê, o peso e a culpa que carrega, buscando
o perdão dos outros, quando na verdade ele mesmo ainda não conseguiu se
perdoar. Também temos Heather e as demais amigas da Sierra, que demonstram a importância
de se sercar de quem realmente nos quer bem, por perto e ver a nossa
felicidade, pessoas que se preocupem, cuidem, amem e aceitem nossos erros, falhas,
tanto quanto aceitam as nossas qualidades. E por fim, mas não menos importante,
como já mencionei anteriormente, as relações familiares.
ANTES QUE AS LUZES SE
APAGUEM, traz em sua
essência realmente o verdadeiro sentido do natal, o sentimento de compaixão, de
empatia, de perdão, família e amor. Amei os cenários explorados, como o autor
conseguiu nos introduzir na rotina de uma fazenda de árvores de natal natural.
Me encantei com os protagonistas, como eles foram construídos, cada um com sua
personalidade, com suas histórias para contar e contribuindo para que o todo
fosse agradável e interessante. Apesar de Sierra ser a grande estrela da
história, Caleb acaba roubando a cena, talvez pelo mistério que o ronde e a problemática
que envolva sua família. O que realmente importa de fato é que a história em si,
é um grande presente.
“Toda vez que dou a Caleb o beneficio da dúvida, ele prova que estou certa. Toda vez que o defendo, eu sei que estou certa. Havia um milhão de motivos pelos quais eu poderia ter desistido, mas, toda vez que não desisto, sinto vontade de tentar muito mais para fazer isso dar certo.”
Então fica aqui mais essa dica. Se você está à procura de uma
leitura leve, gostosa e que vai te deixar com um quentinho no coração, Antes que as Luzes se apaguem é a opção
certa para vocês. Apesar dos protagonistas serem jovens, eles são maduros e
crescem ainda mais ao longo dos capítulos, a história é de fato muito
cativante.
Preciso falar do belo trabalho que a Astral Cultural realizou.
Capa linda, diagramação simples, gostei da fonte que utilizaram.
Beijos, até a próxima!
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