( Resenha ) Herdeiras do Mar de Mary Lynn Bracht @ciadasletras - Clã dos Livros

( Resenha ) Herdeiras do Mar de Mary Lynn Bracht @ciadasletras

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Editora Paralela

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Resenha


Essa é uma obra que pode ser interpretada por vários ângulos. Quando interpreto o contexto histórico e a importância de tal contexto, a minha avaliação seria logicamente 5 estrelas. Porém, quando interpreto o enredo como um todo, levando em consideração o meu gosto particular, a avaliação se enquadra em três estrelas. 

Acho importante começar minha resenha considerando minha avaliação particular, que pode ser assustadora para quem já leu outras resenhas acerca da obra.

Esse livro traz um enredo muito triste, uma ficção com elementos históricos, que retrata a história da Coréia, o período de ocupação dos japoneses, bem como a face da segunda guerra mundial.

Dispondo dois períodos diferentes de tempo, o livro nos traz um enredo triste, com temas fortes de guerra, estupro, prostituição. 

Na década de 40, Hana é uma garota coreana que vive feliz com sua família. Primogênita, via sua irmã mais nova como alguém que precisava proteger. Ela e sua família viviam na ilha de Jeju, na Coréia.

Um ponto muito interessante é que nesse momento conhecemos as mulheres haenyeo. Elas são mergulhadoras, responsáveis por ajudar no sustento de suas famílias ao coletar frutos do mar. Detalhe: elas nadam com sua própria respiração, sem contar com a ajuda de aparelhos.

Hana é filha de uma mulher haenyeo, e como manda a tradição, ela será uma logo em breve. 

Crédito da Imagem: Luciano Candisani

Sendo a ilha ocupada pelos japoneses, a realidade de Hana muda aos poucos. Agora, a coleta de frutos do mar passa a ser dividida, os japoneses tem parte em quase tudo. 

Certo dia, já uma haenyeo, Hana está mergulhando cada vez melhor. Ela avista sua irmãzinha na costa, mas, para seu desespero, um soldado japonês está se aproximando. Para proteger sua irmã, Hana se torna visível ao soldado.

E assim, ela é capturada. Hana, ainda adolescente, é acometida por um senso de proteção crível. Ela não só se põe no lugar da irmã, como também mantém em segredo a identidade de seus pais.

Mas isso a faz ficar numa posição difícil de ser resgatada. 

Nas mãos dos soldados, a garota é abusada física e psicologicamente. Testemunha as atrocidades da guerra, e vê de perto várias garotas perderem suas identidades ao serem capturadas.
"(...) Hana se sente mais próxima da cova do que das lembranças de casa."
Num outro período, já em 2011, somos levados a conhecer a senhora Emi. Também haenyeo, carrega consigo segredos infindáveis. 

As histórias irão se cruzar. Emi e Hana, duas mulheres coreanas que não puderam escolher seus caminhos. 

Eu fiquei tocada na maioria dos momentos nesse livro. Ler a história dessas personagens exige muito, pois afinal, todas as cenas descritas são muito visíveis a nós, leitores.

A narrativa da autora, que se dá em terceira pessoa, traz um drama profundo, que duvido que deixará algum leitor imune. 
"Eu tive uma vida tranquila. Você a roubou de mim."
O contexto histórico se casa muito bem com a ficção inserida, inclusive fica nítido o fato de que a autora realmente fez pesquisas minuciosas. Em muitos momentos eu me peguei pensando se realmente Hana e Emi não existiram.

Temos muitos discursos que se enquadram ao feminismo, que são facilmente encaixados na questão do movimento.

Apesar da trama ter me impactado e ter contribuído muito para meu aprendizado; faltou, em minha opinião, um trabalho maior na personagem Emi. 

Eu não consegui me compadecer de fato por essa personagem, e mesmo com um desfecho explicativo, fiquei realmente sem compreender muitas escolhas da sua vida. Acredito que muitas passagens da vida de Emi dispostas no livro foram desnecessárias. 

A autora ressalta em muitas entrevistas que seu livro não se enquadra como feminista, apesar de muitos críticos o colocarem nessa posição. Confesso que esse discurso da criadora me fez ficar ainda mais distante de sua obra.

É um livro necessário sim, que vale a pena ler e se inteirar diante da temática que infelizmente, não é abordada. Por isso, mesmo não sendo o meu livro predileto, eu recomendo a leitura. Tudo que agrega conhecimento é de suma importância.

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