( Resenha ) O Impulso de Ashley Audrain @editoraparalela - Clã dos Livros

( Resenha ) O Impulso de Ashley Audrain @editoraparalela

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Editora Paralela

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Resenha

O Impulso é um livro que choca, provoca. Que causa estranheza e até mesmo incômodo. 

Isto porque temos em foco o lado obscuro da maternidade, a face quase nunca abordada. Ao trazer uma ficção que traz uma temática tão delicada, a autora ousou ainda mais, mesclando um suspense de impacto com um drama comovente.

Enquanto mulher, como não se comover com a história de outra mulher, mesmo que fictícia.

Blyte Connor é a protagonista e narradora dessa trama. Começamos a história já nos deparando com uma cena provocante (pois instiga o leitor a querer saber o que aconteceu para chegar até ali) e dramática.

Blyte está observando a família do seu ex marido. Com palavras intensas, que já conseguem causar certo choque no início, a cena se torna melancólica, e tudo se torna ainda pior pelo fato de que a filha de Blyte com seu ex, está ali, feliz sem a mãe.

Não estou dando spoilers, mas nesse início já sentimos que existe algo estranho na relação mãe e filha. Já sabemos que Blyte sofre uma terrível tristeza principalmente pela perda de seu filho mais novo, Sam, que morrera.

E assim, nessa cena estranha, somos absorvidos para uma história angustiante. Blyte é uma mulher como qualquer outra, mas sua história de vida, mesmo antes de se casar, é triste.

Sua mãe a abandonou, e com isso, sem uma base familiar concreta, ela buscava em seu relacionamento com Fox formar a família que não pudera ter.

"Todos temos o direito de alimentar certas expectativas em relação aos outros e a nós mesmos. Com a maternidade não é diferente. Todos esperamos ter uma boa mãe, nos casar com uma boa mãe, ser uma boa mãe."

Casamento que se iniciou como um conto de fadas. E como acontece num conto de fadas, o primeiro filho chegou. 

Acontece que, a gravidez não é tão linda como dizem. Blyte sentiu todos os impactos, todas as transformações, e talvez essa frase que virá agora seja muito pessoal, mas em ponto de vista, ela não estava preparada para a realidade. Ela tinha uma fantasia, e o mundo real era outro.



Com a chegada do bebê tudo piorou. Sua filha, Violet, era uma criança difícil. Mãe exausta, criança temperamental.

"Ela se esforçou muito para ser a mulher que esperavam que fosse."

E o crescimento de Violet foi afetando ainda mais o relacionamento mãe e filha. Logicamente que tudo isso não passou despercebido por Fox, que passou a observar e a concluir que Blyte não estava sendo uma boa mãe para Violet.

"(...) A única mãe que olhava para a filha e pensava: por favor, vá embora."

Com a chegada de Sam, filho mais novo do casal, Blyte pôde conhecer enfim o conto de fadas da maternidade. Com ele foi diferente. 




Mas um triste acidente fizera com que ele falecesse. Assim, o que estava sendo moldado, piora. Blyte culpa Violet pela morte de Sam. Violet era apenas uma criança. Fox culpa Blyte por não ser uma boa mãe. 

Blyte precisa lidar com tudo, com a morte de seu bebê, com o temperamento de Violet, com o fim de seu casamento.

"Antes, você costumava se preocupar comigo como pessoa - minha felicidade, as coisas que me faziam bem. Agora eu era uma prestadora de serviços. Você não me via como mulher. Eu era apenas a mãe de sua filha."

E assim a trama se desenrola. Com o passar das páginas conseguimos ter uma noção do passado de Blyte, pois a autora inseriu páginas contando, em terceira pessoa, a história de sua mãe.

Assim, cabe ao leitor chegar as suas conclusões: seria Blyte uma vítima de depressão? Teria ela herdado o gene do abandono de sua mãe? Ou ela era apenas uma mulher ruim? Mas, será que tais julgamentos não são apenas um esteriótipo da sociedade? Não estaríamos diante de uma criança com psicopatia?

É por todas essas questões que "O Impulso" se torna um livro perturbador. Enquanto mulheres, não estamos acostumadas a ver esse lado da maternidade posto a prova. Por mais que seja algo fictício, incomoda o fato de termos essa visão negativa da maternidade.

Com um suspense ponderado e inteligente, a autora brinca com o julgamento do leitor, e só revela a real verdade nas últimas linhas, provocando ainda mais o choque.

Eu particularmente julgo o livro como o mais interessante no quesito suspense dos últimos anos. Ashley foi ousada, inteligente e surpreendente. É um livro sensível, eu mesma senti vontade chorar em muitas passagens, e além do mais é uma história inesquecível.

Recomendo para quem ama novas histórias, que fogem do óbvio e que ainda conseguem levantar grandes questões.

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