( Resenha ) Será que sou Feminista? de Alma Guillermoprieto @editorazahar - Clã dos Livros

( Resenha ) Será que sou Feminista? de Alma Guillermoprieto @editorazahar

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Editora Zahar

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Resenha


"Será que sou Feminista?" é um livro escrito pela jornalista mexicana Alma Guillermoprieto. É impossível falar do livro sem citar minha própria experiência com o movimento feminista.

Me declaro feminista desde que descobri o movimento, já na vida adulta. Apesar de ter estudado sobre as diversas conquistas das mulheres, de sentir na pele os desafios em ser mulher e o quão difícil é ter igualdade (e sabendo claramente que não temos), fui saber sobre o movimento com mais de vinte anos de idade.

"No entanto, desde a adolescência, cresci avessa à submissão. como os gatos à disciplina. Para desespero de meu pai e meu mesmo, eu não aceitava ordens, nem hora para chegar em casa, nem pente para ajeitar o cabelo."

E desde então, tenho lido muito para aprender mais. Nessas leituras, me deparei com diversos subtipos de feminismo, e confesso que também me deparei com movimentos extremos. Apesar de concordar com os pontos que levaram ao extremismo, devo dizer que não concordo com muitos outros pontos de alguns tipos de feminismo.

Como por exemplo, o ódio pelo sexo masculino. E devo me explicar ao declarar isso. Apesar do sexo masculino estar automaticamente ligado a nossa queda, por assim dizer, eu vejo na própria história personas "homens" que contribuíram e muito para as nossas conquistas. Aproveito essa abordagem inicial e pessoal para, ainda, provocar reflexão. Devemos odiar nossos pais? Irmãos? Filhos? Sobrinhos? Só pelo fato de serem homens?

"A libertação da mulher implica necessariamente a libertação dos homens dos mitos e terrores - e obrigações estúpidas - que os oprimem."

Ao levantar tal questionamento, acabei deixando de seguir inúmeras páginas que me faziam imensamente mal, por justamente causar chamas de ódio nos homens. Acredito que buscamos por igualdade, não superioridade; mas mesmo assim, ao não concordar com tais pensamentos, me senti menos feminista. E passei a me questionar "será que sou feminista?".



O livro não podia ter chegado em hora melhor. Eu acreditei que me depararia com uma resposta direta ao meu questionamento, que justamente é o título da obra. Mas encontrei algo que traz discussões ainda mais profundas, que traz contextos históricos completamente importantes e que ainda, traça o feminismo pelo mundo.

"(...) aonde quer que eu vá sempre encontro mulheres espancadas."

Com uma linguagem pessoal, simples e sem delongas, Alma construiu um livro que com toda certeza entrará para os de leitura obrigatória. Simples e sempre respeitosa acerca do tema, seus escritos de fácil interpretação, conseguem ser facilmente lidos por homens e mulheres, de todas as idades.

Alma viaja pela história, remontando o quão importante foram as lutas feministas para o que temos hoje. Ela exalta nomes femininos fundamentais para tais conquistas, mas também aponta os nomes masculinos que também abraçaram a causa. Assim sendo, ela prova que para termos igualdade, precisamos caminhar juntos.

"Não é preciso espancar ou matar uma mulher para lhe fazer mal."

Mesmo de forma sutil, a autora consegue nos mostrar os motivos que fazem tais movimentos serem tão importantes até mesmo nos dias atuais. E ao mesmo tempo, traça as responsabilidades que não podem ser deixadas de lado nos movimentos virtuais.

Sendo ainda mais profunda, explica de maneira clara os motivos que levam a termos diferentes tipos de feminismo, mostrando que as lutas no que diz respeito a classe, religião, raça e etnia são mesmo distintas.



E para ser ainda mais didática, ela remonta discursos que podem ser um gatilho para a regressão.

"(...) a moda, a dor e o controle andam sempre de mãos dadas."

Como se não bastasse, ainda traz uma análise honesta sobre a figura feminina nas revistas, nos quadrinhos e na arte em geral.

"Fazer a revolução é mudar nossa imaginação, e o feminismo causou, afirmo novamente, a maior revolução desde o início da agricultura."

Lendo tal obra, cheguei a um outro nível de feminista. Consegui enxergar a importância de cada conduta. Consegui entender ainda o quanto é importante que sejamos acolhimento para aqueles e aquelas que não compreendem todos os benefícios que conseguimos ganhar com o movimento, e tudo que ainda precisamos conquistar.

"Não nasci com a noção de como devo ser, que aparência e que atitudes devo ter para ser mulher; como todas nós, fui aprendendo pelo caminho."

Acredito que para você, que está se introduzindo ao feminismo, que não sabe nada a respeito e quer entender; ou que apenas queira compreender as lutas, é uma ótima leitura. 

Recomendei para todas as mulheres da minha vida e agora recomendo a vocês. Imperdível.

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