Além
da Magia é o primeiro livro da Duologia Futhermore, cuja personagem
principal é Alice. Cada um deles possui uma protagonista que a seu modo, nos mostra a importância de amar a si mesmo antes de qualquer outra coisa.
“... as coisas mais quietas sobre estar vivo eram as mais agitadas: o vento fazendo as janelas baterem, a luz do dia escorrendo pelas cortinas abertas, a grama recém-cortada fazendo cócegas em pés descalços e sem meias.”
Os
pais de Alice Alexis Queensmeadow ficaram muito felizes com seu nascimento,
como costumava acontecer. A mãe estava contente por ter passado pela gravidez e
o pai estava contente por todo o mistério terminar.
Mas,
certo dia, eles perceberam que sua filha, à quem haviam dado o nome de Alice,
não tinha nenhuma pigmentação. Sendo os cabelos e pele brancos como leite, o
coração e a alma leves como seda. Os olhos praticamente tinham sido poupados de
cores, traziam apenas o mais discreto toque de mel. Era o tipo de criança que
seu mundo seria incapaz de apreciar.
Afinal
de contas, Farenwood tinha sido construída com base nas cores. Explosões de cores,
faixas de cores, para dar profundidade, cores para trazer amplitude. Seu povo
era conhecido como o mais brilhante de todos e a jovem Alice era considerada
fraca demais, muito embora não fosse nada fraca.
“Em algum lugar do tempo, uma menina foi esquecida.”
A
magia de Farenwood não requeria varinhas, poções e encantos. Era uma terra
rica em recursos naturais, sendo os mais importantes a cor e a magia. Um vilarejo pequenininho e muito antigo localizado no interior de Fennelskein e ninguém jamais visitava
aquele lugar.
O
povo de Farenwood era muito reservado, colhia as cores e a magia do ar e da
terra e havia criado todo um sistema financeiro com base nesses recursos. Todo cidadão
nascia com talento para magia, mas qualquer coisa além daquele talento inicial
custava dinheiro e a família de Alice tinha pouco sobrando.
A
própria Alice nunca teve mais do que alguns finques e sempre olhou com
admiração para as outras crianças, cujos bolsos viviam cheios. Ela ansiava por grandes aventuras e sentia que precisava
embarcar numa experiência nova.
Ela
sempre tentava viver aventuras enquanto as outras crianças estavam no colégio. Diante
disso, há dois anos, Alice foi expulsa por causa de Oliver Newbanks. Era para sua
mãe lhe dar aulas em casa, mas raramente acontecia.
“De repente, ela entendeu que isso é muito difícil, isso de ter medo das coisas, e essa coisa de ter medo das coisas toma tempo.”
A
peculiaridade de Alice ficava evidente mesmo nas coisas mais simples que fazia.
De acordo com o pai, que foi embora de casa quando ela tinha apenas 9 anos de
idade, a jovem crescia para se tornar uma flor silvestre com saia rodada, cabelos
trançados, dançando da cabeça aos pés.
No
fundo, Alice sentia que ele nunca voltou porque provavelmente estava morto. A partida do pai deixou um enorme vazio em seu coração, pois ela sempre preferiu o pai e não tinha nenhum
problema em admitir aquilo. Era um amigo e confidente que tornava suportáveis
todas as coisas difíceis, fazendo com que se sentisse amada, para jamais mergulhar
nas profundezas de suas próprias inseguranças.
Enquanto isso, a
mãe a via como um ser complicado e cheio de
necessidades. Alice não gostava muito dela, porque era antiquada e confusa. Mas,
apesar de tudo, ela a amava, daquele jeito que as crianças costumavam amar.
"A cerimônia da Entrega, que acontecia todos os anos, chegaria em poucos dias, e Alice, decidida a vencer, sabia que essa era sua chance de embarcar em uma experiência nova."
Quando enfim completou 12 anos de idade, como todo jovem em Farenwood, Alice precisaria encarar a cerimônia de Entrega. Desta forma, cada jovem deveria mostrar seu talento através de uma apresentação. Mas, seria um grande desafio para ela, pois era a única sem cor e sem magia.
Contudo, antes daquele acontecimento, Alice foi abordada por Oliver Newbanks, o garoto que a fez
ser expulsa do colégio. Ele era o tipo de pessoa popular, que mentia muito e tornava qualquer boato verdadeiro, por isso e outras coisas mais, ela o odiava.
Mas Alice decidiu deixar suas mágoas de lado e dar um voto de confiança a Oliver, que pediu sua ajuda. Os dois acabaram se
arriscando na terra selvagem de Futhermoore, onde enfrentaram muitos perigos e, durante aquela aventura, ela aprendeu a amar a si mesma acima de qualquer outra coisa, surpreendendo-se com o que encontrou no fim do caminho.
“A verdade era que Alice sempre seria diferente - mas ser diferente era extraordinário.”
Um livro fantástico, leve e repleto de aventuras, com muitas lições importantes, que me prendeu
desde a primeira página. Narrado em terceira pessoa, permite um aprofundamento
maior e mais conhecimento sobre todos os acontecimentos.
Este não foi o meu primeiro contato com a escrita da autora,
pois sou fã da Série Estilhaça-me e já reli algumas vezes. Ela consegue fisgar
o leitor num enredo singular e poético, levando-o facilmente para dentro das
suas histórias, com personagens sensacionais que possuem características
realistas e, mesmo os mais intensos, são extremamente apaixonantes. Todos os universos criados por ela possuem uma perfeição de detalhes incrível.
A capa é linda, uma ilustração delicada que tem tudo a ver
com o conteúdo. A diagramação é muito bem feita e a revisão é exemplar.
Dou cinco estrelas e recomendo!!!
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