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Resenha
“Quando o mundo vira de cabeça pra baixo, a gente fica grato pelo que permanece no lugar.”
Frank Li tinha dois nomes, sendo este o americano, que seus pais deram levando em conta principalmente o número de letras, porque sete era o número da sorte nos Estados Unidos. Já o segundo nome, Sung-Min Li, o nome coreano, seguia a mesma cosmologia numerológica, nove era o número da sorte na Coreia. Mas, eles só o chamavam de Frank e esperavam que ele fizesse tudo aquilo que fosse bom aos olhos deles.
Hanna era a irmã mais velha de Frank, ela fez tudo certo, os pais disseram para ela estudar muito, então só tirou dez. Disseram pra ir para Harvard e ela foi, e se formou com distinção. Depois fez mestrado em direito, também em Harvard, o que lhe deu uma vantagem em relação aos assistentes da sua idade no Eastern Edge Consulting, escritório especializado em negociação de patentes para empresas bilionárias de tecnologia.
Até que Hanna fez uma coisa errada. Ela se apaixonou por um cara negro e aquilo assumiu uma proporção grande o suficiente para que seus pais esquecessem tudo de bom que ela fez na vida e a deserdassem. Desde então, os pais já não tocavam mais no nome dela e agiam como se tivesse mudado para outro país e estivesse incomunicável. Eles desistiram de Hanna e ela decidiu desistir também.
“É assustador ver alguém que você ama sumir de vista.”
Frank falava muito sobre a irmã com seu melhor amigo, Q que não era abreviação de nada, era só Q mesmo, pois ele decidiu trocar de nome há alguns meses, em seu aniversário de dezoito anos. Originalmente, seu nome era Thomas.
Como a maior parte dos nerds, Frank e Q gostavam de ver filmes obscuros, jogar videogame, desconstruir os inúmeros absurdos da realidade, entre outras coisas. Quase não falavam de garotas, por falta de material. Afinal de contas, nunca sairam com nenhuma.
Os pais de Frank tinha uma loja onde trabalhavam todos os dias, de manhã até a noite, incluindo fins de semana, feriados, Ano-Novo, sem jamais tirar férias. Eles herdaram aquele lugar de um casal coreano mais velho, da primeira onda da imigração, que ocorreu nos anos 1960. Localizada em uma área pobre do sul da Califórnia, castigada pelo sol e povoada principalmente por comunidades mexicanas e negras, a um mundo de distância, os cientes pagavam com vale-alimentação, que era trocado por dinheiro, que era guardado para pagar a faculdade de Frank.
Joy Song era apaixonada por Wu Tang, que pertencia a terceira geração de uma família de imigrantes chineses, ele estava insistindo em conhecer os pais dela, mas Joy não queria, pois historicamente, todos os países da Ásia se odiavam. O racismo era um grande problema, e caso os pais dela descobrissem sobre Wu, com certeza tornariam a vida dela um verdadeiro inferno.
Os pais de Frank só aceitavam que ele namorasse com uma coreana, mas ele estava fascinado por Brit Means, uma garota esquisita e intensa, que sem dúvidas, não agradaria nada a família dele. Portanto, quando os pais dele tentam aproximá-lo de Joy, os dois que são apaixonados por pessoas diferentes que jamais serão aprovadas, resolveram fingir que estavam namorando e, enquanto isso, conseguiam fazer o que queriam sem que ninguém soubesse. Mas, aquilo poderia causar grandes estragos para ambos.
“Na verdade, o que começa com uma coisa pode se transformar em algo completamente diferente.”
Um livro que vai muito além do romance. Ele está mais focado no relacionamento familiar conturbado, no racismo e nas reviravoltas causadas por decisões impensadas. Narrado em primeira pessoa pelo protagonista, Frank, retrata alguns momentos difíceis, que intrigam e desestabilizam o leitor, mexendo com as emoções.
A escrita do autor é inteligente e envolvente, com um contexto incrível. A capa é ótima, a diagramação é muito bem feita e a revisão é exemplar.
Dou cinco estrelas e recomendo!!!
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