( Resenha ) Esse Cabelo de Djaimilia Pereira de Almeida @Editoraleya #EspecialOutubroRosa - Clã dos Livros

( Resenha ) Esse Cabelo de Djaimilia Pereira de Almeida @Editoraleya #EspecialOutubroRosa

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Editora Leya
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Resenha


"O modo de os outros tratarem meu cabelo simbolizou sempre a confusão doméstica entre o afecto e o preconceito, o que vem desculpando a minha falta de jeito para cuidar dele."
Esse cabelo é um livro que vai tratar de muitos assuntos somente contando o percurso da vida de uma jovem e seu cabelo. Narrado em primeira pessoa, temos a protagonista contando a sua história e de sua família enquanto narra as aventuras por entre salões.

Filha de uma mulher negra e um homem branco, morando em Portugal e tentando entender a vida. Logo criança sofreu o preconceito por ser filha de um casal mestiço, tendo que ouvir a curiosidade e dúvidas das pessoas sobre a veracidade da paternidade de seu pai.

"Foi num desses passeios que nos abordaram numa rua de Lisboa, em que seguíamos de mãos dadas, perguntando se éramos da mesma família, eu e o meu pai, com uma curiosidade abominável."
E como o amor é coisa de alma, casou-se com um homem branco. Novamente ouviu indelicadezas de pessoas que diziam que ela tinha aprendido com a mãe entre outras coisas absurdas.
"Enfiava o meu nariz no cabelo da avó Lúcia discretamente, tentando não perder a noção da minha força com a escova (ou "acaba-se a brincadeira"). Esse cheiro foi o primeiro lugar de onde julguei ter origem, muito antes da imagem mental de pedras da praia, projeção de uma metáfora cruel. Costumo pensar que este cheiro é tudo o que posso dizer sobre a minha identidade."
Amor é um tema presente em todo o livro. Em cada passagem conseguimos sentir o carinho que a personagem tem com seus familiares. Principalmente seus avós. Pela narração conseguimos ver o quão trabalhadores eles são (na visão da jovem criança) e as lições que vão passando ao longo dos anos.

Os pais em algum momento se divorciaram, mas não foi um fato tão marcante pois pouco se fala no livro. O que percebemos é que os pais eram jovens e a filha acabou convivendo mais com seus avós. E é com eles, a maioria das lembranças, que ela traz na história.
"Pensava então que ela seria percebida como uma negra de papel. Apercebo-me agora, porém, de que apenas para mim quem não fui é uma caricatura. Estar em minoria não consiste apenas em tomar de empréstimo a iconografia da nossa intimidade; consiste em apagar o que pode existir de singular não na vida que vivemos, mas na que não vivemos. A história desse empréstimo parece ter pouco de colectivo. Assemelha-se antes a uma inaptidão pessoal para nos lembrarmos melhor de quem não chegamos a ser."
Além disso conseguimos ver a sua busca para se encontrar. Aceitação de suas origens, diminuir a cobrança e as "duras" que damos em nós mesmas por motivos que, quando éramos criança, pareciam triviais. Amor próprio e diminuir a importância do que ouvimos dos outros. Na mesma perspectivas também conseguimos refletir como as pessoas tomam certas atitudes ou expõem opiniões que machucam o próximo sem ao menos perceber, como se fosse natural e sem importância.

Outro tema importante é a força da mulher que a autora tenta passar durante a história. Suas avós, sua mãe e até mesmo uma jovem criança tem a sua força enaltecida e seu brilho exposto nesse livro.
"Eu pensava que um dia seria como ela, e olhava naturalmente para o seu cabelo, pensando na infância como uma etapa temporária de que alguém me salvaria. É por isso que até hoje aceno a essas meninas que me veem como um dia serão e são os melhores juízes, meninas que não pronunciam "como é" do mesmo modo que as suas mães, partilham comigo a prosódia e talvez conheçam já o seu cabelo melhor do que eu."
Vários temas em um livro de menos de 150 páginas. A leitura é um pouco pesada por conta da escrita bem poética e também por conta da tradução feita do português Portugal para o nosso. Apesar de ser um livro pequeno, necessita de atenção pois as vezes a autora muda de foco rapidamente  e combinado a escrita poética, exige mais atenção.

Um livro bom para refletir e para aqueles que curtem o estilo de escrita. Uma leitura para ser realizada com calma para aproveitar os momentos de reflexão proporcionados.
"Uma pessoa não precisa de quase nada para conservar em si um fogo aceso, um motivo para se rir."

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