( Resenha ) Longe de Casa de Malala Yousafzai @editoraseguinte - Clã dos Livros

( Resenha ) Longe de Casa de Malala Yousafzai @editoraseguinte

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Leia a sinopse AQUI.

Resenha

MALALA é um dos grandes nomes na luta pelos direitos de educação das mulheres, ou melhor, na luta por direitos das mulheres de modo geral. Essa jovem que teve sua trajetória marcada por um atentado contra sua própria vida, escolheu não se calar, não se intimidar, continuar lutando e defendendo aquilo que acredita, mesmo que isso a torne um alvo. Determinada, destemida e guerreira, essa jovem escolheu lutar por um mundo melhor, gritar e no processo dar voz a outras tantas jovens, que como ela desconhecem a paz, precisaram sair de seus lares e que mesmo diante das atrocidades e crueldades pelas quais passaram, ainda nutrem a esperança de dias melhores, acreditando no poder transformador da educação e da informação.

LONGE DE CASA é um relato cru, intenso e muito real de dez jovens que Malala encontrou durante suas viagens para palestrar, divulgar seu livro - EU SOU MALALA -, ou por seu trabalho na ONU. Jovens que despertaram sua atenção por suas lutas, por sua grandeza, por suas histórias e por essa razão receberam a oportunidade de compartilhar seus relatos com o mundo, Malala se afasta e as deixa falar, e quando elas falam... nada nos prepara para o que iremos descobrir, para aquilo que vamos ler e absorver, que vamos passar a conhecer. Nada nos prepara para o tamanho da dor, das cicatrizes, das perdas dessas jovens. Nada é capaz de amenizar o sacode que iremos receber. A vida é muito mais do que a bolha em que vivemos.

“Estar longe significa, acima de tudo, viver preocupado em não se tornar um fardo para os outros.”

É impossível não chorar, não se sentir escandalizado e até mesmo chocado com tudo que aqui é relatado. Uma das coisas que mais me doeu, foi perceber o quanto estou relapsa em relação ao que está acontecendo ao redor do mundo, e não apenas eu, mas de modo geral como a grande mídia tem deixado de “lado”, ou optado em não noticiar as barbaridades, guerras que duram a décadas e décadas e não parecem estar perto de um fim, e principalmente a forma como se “diminui”, se “minimiza” o deslocamento global. Como pessoas se tornaram apenas números, até desumanizando esses seres humanos, que precisaram deixar tudo para trás, abandonar sua cultura, suas casas, sonhos, família, amigos... tudo realmente, porque querem sobreviver e não há outra opção a não ser fugir. E na grande maioria das vezes, ao chegarem em um novo lugar, ainda são hostilizados, humilhados, descritos como “monstros”, invasores e ao invés de acolhidos, são expulsos mais uma vez. É difícil, doloroso, cruel demais...

“Aquele luto profundo é algo que as meninas sempre carregam consigo. A cada conquista importante, sua alegria é diminuída pelo trauma muito real que as trouxe aqui. Imagino que seja assim para todos os refugiados — o paradoxo de ser grato por uma nova vida que é resultado da dolorosa perda da vida antiga.”

E sabe, tudo isso está acontecendo AGORA, enquanto você lê está resenha. Neste exato momento tem uma família fugindo, sendo agredida e expulsa de sua própria casa, tem um pai perdendo um filho, tem um filho perdendo uma mãe. Tem casas sendo queimadas, vidas sendo interrompidas, sonhos despedaçados, esperanças minadas, homens, mulheres, crianças, ninguém é poupado... E tudo isso em nome de que? Por quê? Necessidade de poder, de controle absoluto, extremismo, militância irresponsável, opressão, intimidação. Uma ditadura que te proíbe escolher suas roupas, sua fé, que te tira a educação, que não hesita em te atacar apenas porque acredita que você não merece continuar vivendo, que aquela casa não te pertence, que te enxerga como menos que nada... MEDO, DESESPERO, VIOLÊNCIA, AGONIA, PERSEGUIÇÃO, FOME, TRISTEZA... são apenas algumas das coisas com as quais, essas pessoas convivem dia após dia. É dormir sem saber se irá acordar, é tremer, implorar, lutar.


“(...) Escolho falar. Escolho defender os outros. Escolho aceitar o apoio de pessoas do mundo todo.”


E por outro lado, o que mais me surpreendeu ao longo da leitura, é a ESPERANÇA, a fé que essas mulheres ainda nutrem. Sim, elas acreditam que dias melhores ainda estão por vir, que a EDUCAÇÃO pode transformar, mudar essa dura realidade, passinho por passinho, aos poucos. Elas lutam por seus direitos e pelos direitos de milhares de outras jovens, porque ACREDITAM, porque querem vencer, fazer a diferença... querem voltar para suas casas.

“(...) Levaram minha mãe, mas não seu amor. Ainda o tenho, e isso me mantém forte.”

É uma leitura desesperadora e inspiradora, que abre nossos olhos para todos os privilégios que possuímos e que não enxergamos. É um livro sobre empatia e sororidade. Sobre acolher seu semelhante com amor e respeito, entendendo que os refugiados estão vulneráveis, assustados e desesperados por um pouco de paz. Lembre-se quando ler uma matéria sobre refugiados, o quanto essas pessoas já perderam e sofreram. Ajude, acolha, faça a sua parte, faça a diferença. Essas pessoas escolheram viver, sobreviver e apenas isso. Foram obrigadas e saírem de suas casas, não foi uma escolha, foi uma necessidade.




AJUDE, comece se informando, busque por fontes confiáveis – ao final do livro têm bem explicadinho como podemos colaborar. Faça doações, seja um voluntário, seja legal, como o livro LONGE DE CASA. São os pequenos gestos que fazem a diferença. Juntos somos mais fortes e podemos sim, fazer uma grande corrente do bem. O mundo está gritando por socorro, ajude-o.

Queria poder ter as palavras mais corretas para te tocar aí do outro lado e te convencer a adquirir a esta obra. Se você for um professor, convencê-lo a debater este livro e tema em sala de aula. É uma leitura que todos deveria fazer, um livro que todos deveriam ter em sua estante. Uma coisa é certa, após ler este livro, nada NUNCA mais será igual.

Beijos, até a próxima!

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