Faro Editorial
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Resenha
Narrado em primeira pessoa, o livro de Donatella Di Pietrantonio é considerado uma das maiores obras da Itália; tendo vendido mais de 250 mil exemplares.
Isso vocês já devem saber, ao terem lido a sinopse. O que talvez não saibam é que este livro é tão sensível, com uma carga emocional tão intensa que sua leitura se torna dolorosa.
Sim, acho que resumi bem o que é ler A Devolvida. Me provocou dor.
Então vocês se perguntam: "poxa. Bia, qual o motivo de ler algo que vai me fazer sofrer?"
Vários. O primeiro deles é o fato de que, por mais que seja doloroso o avançar das páginas, ficamos curiosos para saber os motivos que levaram a nossa personagem principal ser devolvida.
"Eu era a Devolvida. Não conhecida quase ninguém ainda, mas eles já sabiam bastante a meu respeito."
Aos treze anos de idade, nossa personagem nem ao menos nos revela seu nome. Mas, mais que isso, ela nos narra a sua vida, a sua condição enquanto devolvida.
Fora adotada muito cedo por uma parente, que lhe deu uma vida linda. Uma estadia, educação de qualidade, uma família que a amava. Mas tudo desmoronou quando essa mesma família que a acolhera com tanto amor, a devolveu para seus pais biológicos.
Um lar completamente diferente. Precário no que diz respeito à higiene e alimentação.
Seus pais biológicos eram simples, e nós, leitores mais maduros, percebemos que o sofrimento deixou-os duros. E ela não era filha única. Muitos irmãos dividiam a pequena casa. Assim sendo, os poucos recursos não eram suficientes para a família.
Resumidamente, nossa personagem passou de rica a pobre extrema. E dizer isso assim, pode soar como aquelas histórias que nos fazem rir onde a protagonista precisa aprender a lidar com a pobreza. Mas nesse caso, estamos falando de algo sério. Em fome. Em condições incabíveis para qualquer humano.
"Às vezes, basta pouco para a vida mudar de repente."
Deixemos de lado as questões sociais para continuar nosso olhar sobre a protagonista. Ela não se sente em casa. Não se sente querida. Aliás, é nítido que sua presença ali significa mais uma boca para alimentar. E essa casa ainda tem um outro fator que torna a sua adaptação mais difícil: a individualidade por parte da maioria dos familiares.
Os únicos irmãos que parecem padecer por ela são Adriana e Vicenzo.
E dessa forma, a história vai se fazendo e se refazendo a cada linha. As poucas páginas (158) conseguem trazer tantas reviravoltas, conseguindo manter o foco numa história ávida, emocionante.
Tentamos descobrir a fundo os motivos que levaram essa menina a ser devolvida. Mas acabamos nos envolvendo muito com a família biológica da menina; começamos a temer o pior pelo seu envolvimento com seus irmãos, e a leveza de Adriana acaba conseguindo fazer com que tomemos fôlego para avançar.
É um livro que choca, que tem o poder de balançar todo o emocional do leitor. E claro que é impossível não pensar nas tantas crianças que existem por ai, na vida real, que também não se sentem em casa em lugar nenhum.
A escrita de Donatella é sem sombra de dúvidas única e comovente. Nos passa verdade.
E para te convencer de vez a ler o livro, posso afirmar que é uma história significativa. Conseguimos tirar proveito para a realidade; conseguimos enxergar lições valiosas em meio ao abandono.
A edição da Faro está impecável como sempre. Páginas amarelas, grossas, fonte perfeita para leitura.
Recomendo!
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